Dia 199

segunda-feira, julho 18, 2011

Os ventos uivam no céu negro como demónios esquivos e enraivecidos à solta.

Os redemoinhos ascendentes de ar gelado partem o tecto do mundo em fragmentos de espelho de obsidiana.

É ela. A Senhora da Solidão.
Saiu pela noite fora, dominando os céus e abrindo a boca enorme e voraz para engolir todos os que estiverem sozinhos em casa.

Não adianta trancar as janelas, pois a Senhora da Solidão, com as suas vestes andrajosas, tecidas de fio de teia-de-aranha preto, atravessa as frestas mais ínfimas, liquefazendo-se e escorregando pelas paredes. Sobe pelos pés da cama no silêncio da noite e devora-nos inteiros.

No dia seguinte, acordamos com o pescoço gelado, achando que temos de isolar as janelas porque entram estranhas correntes de ar. Mas ela consegue sempre passar.
Nem que seja pelo buraco da fechadura...


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5 COMENTÁRIOS

  1. Hazel, agora não seria a foto 177?
    *))

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  2. Ihhh, está Senhora solidão já passou por aqui, foi muito ruim...senhora malvada!!
    *__*

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  3. Solidão... o que dizer? Nada! Não há o que dizer... só sentir!

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  4. Sim, a senhora solidão é fria e alcança a todos, mais cedo ou mais tarde.

    Abraços, Hazel.

    Elaine

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  5. Hazel

    Tampe o buraco da fechadura também, hehehe...

    Bjs
    Fátima Ventura

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