Ser adulto é uma seca


Hoje expliquei ao meu gaiato que os crescidos são pessoas muito sérias e, por isso, não podem fazer macacadas nem cantar alto e esganiçado rá-tá-tá-tá-ra-ra-ta-tá-tá como a música das cornetas do circo. 

A menos que tenham as janelas do carro bem fechadas. 

Ele ficou a processar a informação, enquanto avaliava as outras senhoras enfadonhamente circunspectas por detrás dos seus óculos-escuros de marca, no nosso caminho de casa.

- Não, filho, as outras mães não fazem mesmo estas coisas. Nem eu as faço em frente a mais ninguém, além de ti, porque os adultos não acham graça a muitas brincadeiras. Preferias que eu fosse mais séria?

- Não, gosto de ti assim. (abençoado!)

E continuei a cantoria, enquanto estacionava, com os meus mais despreocupados agudos.
O L., no banco de trás, esboçava o seu sorriso tranquilo de "tudo está bem como está".

Mas o som atravessa os vidros dos carros, e a prova disso foram os olhos esbugalhados da senhora no carro ao lado, que seguiram incrédulos o nosso caminho todo até entrarmos no prédio. Caminho esse, que percorremos cheios de dignidade. E seriedade.

Se o Peter Pan fosse uma miúda... era eu!  

Forever young,

Manual de Instruções do Corpo Feminino, para Homens

[NOTA: Considerem isto apenas uma parte do Manual de Instruções do Corpo Feminino, que é tão extenso e complexo quanto o Universo, com os seus enigmáticos buracos negros, tempestades, vulcões, ventos frios e quentes, e sempre em expansão.]


Bem sabeis, vós que seguis a Casa Claridade, que raramente me atrevo a referir o tema da sexualidade, por diversos motivos:

1. Não sou sexóloga;
2. Sou uma moça tímida e recatada;
3. Mas também não sou freira;
4. Acho mais interessante a prática do que a escrita e, com esta, termino a lista!

Mas hoje estou muito inspirada, e tenho de aproveitar, antes que o bom-senso me mande escrever sobre outro tema igualmente excitante, como a renda de bilros.

Previno-o que vou chamar os bois pelos nomes, por isso, se o seu nível de pudor não tolerar linguagem mais explícita, fuja daqui, porque este texto vai aumentar de temperatura.

Vou fazer três linhas de reticências respeitosas e, contudo, cheias de suspense.

Linha 1 ...
Linha 2 ...
Linha 3 ...

Para si, que continua comigo e está pronto para o que aí vem, mesmo sem saber o que é, mas que lhe soa a um irresistível atentado ao pudor, pergunto:
- Qual é a zona mais erógena do corpo feminino?

Uns, do alto da sua infinita sabedoria, responderão:
- O clítoris!

Outros, achando-se mais espertos que os anteriores, dirão:
- Os mamilos!

Os que têm predilecção por fétiches estranhos, retorquirão:
- Os dedos dos pés, depois de um dia inteiro a andar com chinelos velhos de plástico!

Depois, vêm aqueles que, na sua adolescência, viam às escondidas o programa da Playboy, e citam a apresentadora, seguros que irão acertar:
- O cérebro!

Meus Senhores, estais todos errados.
Vou dizer outra vez (imaginem-me a falar para um megafone): Todos errados!

E eis que os membros do sexo masculino (membros significa homens, e não o seu órgão reprodutor, achei melhor esclarecer), tão cheios de certezas, começam a ficar confusos, e a percorrer mentalmente o corpo feminino nu, enquanto a baba lhes escorre do canto da boca. Mas onde?, pensam eles. As nádegas, as orelhas, os cotovelos, o dedo mindinho?

Eu digo-vos. É um favor que vos faço, a vós e às vossas companheiras.
Perdoem-me a arrogância, por oposição à vossa ignorância de Cro Magnon.

Cheguem perto, pois isto é informação confidencial.
- Não tão perto assim.
Assim está bom. -

As vossas mulheres passaram a vida inteira à espera que fossem vós a descobri-lo, mas como não foram capazes... a bem do fim da frustração feminina mundial...

A zona mais erógena do corpo feminino é............. é.............. é............ é o............. é o c............. é o co................ pronto!, eu digo...... é o coração.

Ak! Pfff! Buuu!!
Tanto suspense para isto, dirão com o vosso desdém masculino.

Meus amigos, escutem esta vossa velha escriba que vos oferece o Santo Graal.
Antes de conseguirem chegar ao clítoris, aos mamilos, aos dedinhos dos pés (iaics!), e até mesmo ao cérebro de uma mulher, primeiro têm de chegar ao coração, e não estou com isto a sugerir que lhe façam uma massagem cardíaca e lhe enfiem as mãos camisola adentro, seus rebarbados.

Para chegarem ao coração de uma mulher é preciso ligarem o vosso (coração) ao dela:

E fazê-la sentir-se amada.
E respeitada.
E apreciada.
E mimada.
E apoiada.
E motivada.
E única.

Isso dá um trabalho danado, mas longo e tortuoso é o caminho da glória, aleluia!
Ide em paz. Não sois mais Cro Magnon, mas de uma nova classe: Homo Sensibilis.
Eu vos abençoo.

Mulheres, colaborem comigo. Não me deixem ficar mal.
Partilhem esta publicação com os vossos homens como quem não quer a coisa, e esperem pelo melhor. Força na peruca!

Let there be Love,

Hazel

Recusa-te a Ser um Yogurte-com-Prazo-de-Validade


Nunca é tarde demais para aprender. Nunca é tarde demais para mudar. Nunca é tarde demais para ousar. Não somos um yogurte com prazo de validade. Enquanto existimos, podemos ser e fazer tudo o que quisermos.

E se alguém vos disser o contrário, peçam-lhe licença para passar - please, excuse me - pois está a estorvar o caminho da vossa realização.

A placa que diz "Game Over" só aparece quando morrermos. Até lá, damos tudo o que temos para dar e não perdemos tempo a olhar para trás!

Todas as manhãs, quando passares pelo espelho no caminho para o duche, de cabelo desgrenhado e olhos remelosos - ninguém acorda lindo, excepto nos anúncios da televisão - pensa para contigo: "Quem é que manda nesta merda toda?, Quem? Sou Eu!".

Yogurtes com prazo de validade... pfff... como-os ao pequeno-almoço (inserir tom insolente).

A lamber a tampa do yogurte com um olhar decidido,

Hazel

7 anos a blogar!

Hoje, a Casa Claridade celebra 7 anos de vida!

7 anos da minha vida.
7 anos de exercício de vontade, liberdade e crescimento.
7 anos que me trouxeram tantos amigos e momentos felizes.
7 anos de aprendizagem contínua.
7 anos, em que escrevi mais de 1.200 posts.
7 anos, com cerca de 3 milhões de visitantes.
7 anos... de Claridade!

A todos vós, que me lêem e que às vezes me escrevem a dizer que me sentem como uma amiga próxima, um membro da vossa família, mesmo sem nunca nos termos conhecido, o meu profundo agradecimento.

É um privilégio incomensurável sentir-me tão amada como me senti ao longo destes anos todos.

Muito, muito grata!

Roupa de Boneca


Que delicioso, andar a vasculhar os baús, encontrar a minha boneca preferida de quando tinha 7 anos, e ver que o vestido de lã que, na época, fiz num tear, é semelhante ao que hoje, com 37 anos, estou a usar.

Sempre com bom gosto, desde gaiata. grin emoticon
Isto, senhoras e senhores, é coerência!

[Excepto o cinto. O da boneca é mais interessante que o meu. Acho que vou fazer um em tamanho grande para mim. Vou, vou.]

Vestida de boneca,

Canções do nosso tempo :: O Segredo Horripilante


Não sei se mais alguém terá alguma vez reparado, mas há certas canções infantis de antigamente cujas letras parecem ter sido escritas por psicopatas.

Se julgam que me refiro ao "Atirei o pau ao gato", estão enganados. Essa foi escrita por alguém que espanca animais. São distúrbios diferentes.

Trata-se da perturbadora "Machadinha."

Consigo imaginar este clássico infantil cantado pelo vocalista dos Sepultura, entre as guitarras eléctricas e os gritos estridentes das vítimas.

Observemos detalhadamente a letra duvidosa deste êxito dos bons velhos tempos:
(a canção a preto, os meus comentários a azul):

A Machadinha (letras)

Ah, ah, ah, minha machadinha,
Ah, ah, ah, minha machadinha,
[Começa logo assim, desta forma que soa ameaçadora.]

Quem te pôs a mão sabendo que és minha?
Quem te pôs a mão sabendo que és minha? 
[Ora, aqui percebemos que alguém mexeu na machadinha dele. Ele não gostou.
Alguém vai ter de pagar por isso.]

Sabendo que és minha, também eu sou tua,
Sabendo que és minha, também eu sou tua,
[O dono da machadinha ama-a tanto, que desenvolveu uma ligação obsessiva com ela, considerando-a uma extensão de si, e vice-versa.]

Salta machadinha, lá p'ró meio da rua.
Salta machadinha, lá p'ró meio da rua.
[Pronto, lá vai ele. Atirou com a machadinha para o meio da rua, podendo acertar na cabeça de alguém. Ou terá sido de propósito, e a sua intenção é matar pessoas à machadada? 
O facto é que uma machadinha foi a voar para a rua, e está o pânico instalado.]

No meio da rua não hei-de eu ficar,
No meio da rua não hei-de eu ficar,
[Ai. Eu bem dizia. Foi de propósito. E agora, onde irá ele a seguir?]

Eu hei-de ir à roda escolher o meu par.
Eu hei-de ir à roda escolher o meu par.
[Vai procurar um cúmplice. Alguém que o ajude no dirty work.]

O meu par já eu sei quem é,
O meu par já eu sei quem é,
[Todos se escondem. "Eu não, eu não!", gritam para dentro, apavorados.]

É um rapazinho chamado José.
É um rapazinho chamado José.
[Estás tramado, José. "Eu não sou José, sou só Zé.", responde ele a tremer, engasgando-se com a própria saliva.]

Chamado José, chamado João,
Chamado José, chamado João,
[Então, é o José, ou o João? O assassino está indeciso. Pessoas que tremem como o José não servem para manusear uma machadinha, sujam tudo.]

É o rapazinho do meu coração.
É o rapazinho do meu coração.
[Ficou mesmo o João. O João não conseguiu responder porque estava afónico e engoliu a pastilha elástica com o susto.]

Aqui, a música original:



E é isto que as pessoas cresceram a ouvir em Portugal.

Adversa a objectos cortantes,