Lua do Outono

Com o cair das folhas secas, cai também tudo o que já morreu em nós. Cai o que é feio, o que é velho, o que é triste, o que não nos serve mais. Deixemos cair.

Mesmo que não reste nada, como um tronco de árvore completamente nu. Sem apegos, sem mágoas.

Que o vento leve tudo aquilo que já secou e sopre o pó que se acumulou nas reentrâncias da nossa alma.

Começa agora uma nova etapa, um novo ciclo da Natureza, anunciado pela Lua Cheia.

Esta é a Lua dos Segredos e dos Mistérios.
Mas também da Renovação.

Sintonizemo-nos com ela, deixando que os seus raios de prata banhem o nosso corpo despido e o consagrem, alimentem e iluminem.

Ofereçamos-lhe uma dança.
E agradeçamos pelas lições que aprendemos durante a última lunação.

Beijos lunares,



Na doçura das manhãs

"O rio passa, e as pedras vão ficando pelo caminho
Assim são os problemas que carregamos,
por maiores que sejam, vão ficar no passado,
uma hora eles caem no esquecimento.

A vida, como o rio, tem um curso a seguir,
e quem não pode ficar para trás é você.
Vá em frente, projete seus sonhos
livre do que te incomoda.

Se é a saúde que lhe falta, se trate;
Se é a solidão que incomoda, seja solidário;
Se é o desamor que te atormenta, ame mais;
Se é a traição, perdoa;
Se é a escuridão que entristece, seja a luz;
Se é o vazio que te deixa assim, preencha-se;
Se te falta fé, se encontre.

Se te falta direção, observe o rio,
que se deixa levar pelo caminho,
certo que depois das pedras está o mar,
ponto de chegada dos vitoriosos.

Hoje você pode ser apenas um fio d'água,
mas seguindo o curso do rio da vida,
deixará para trás pedras e barrancos,
e se fortalecendo com a capacidade de amar,
deixará de ser rio e será mar".
Paulo Roberto Gaefke

Beijos contemplativos,



Aprender a confiar

Confiar é entregar as chaves da porta do nosso coração, sabendo que a pessoa que lá entra vai encontrar as divisões mais elegantes e bem cuidadas, onde nos sentimos confiantes para receber visitas.

E vai também encontrar os recantos mais obscuros, onde o bicho-da-madeira destruiu uma parte dos móveis, tornando-os frágeis, delicados, facilmente quebráveis.

E esperamos - confiamos - que essa pessoa nunca coloque livros pesados em cima dos móveis mais vulneráveis.

Eu tenho dificuldade em entregar as minhas chaves, até porque os meus recantos mais obscuros estiveram em manutenção, e ainda há pouco recuperei os móveis que estavam quebrados e pintei as paredes de cores novas e vibrantes.

Mas, também, quem não entrega as suas chaves... nunca ninguém visita o seu coração.
E, assim como as casas, um coração precisa de estar aberto, arejar, receber calor humano.
Caso contrário, fica fechado, empoeirado, as fechaduras tornam-se perras e tudo lá dentro morre no escuro.

Beijos arejados,