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A mostrar mensagens com a etiqueta Crónicas

Aladino e a Aldeia dos Núbios

O  TERMÓMETRO MARCA QUARENTA E TRÊS graus Celsius e ainda não devem ser dez da manhã neste lugar escondido do resto do mundo, onde o Sol é soberano. Na aldeia núbia, de uma só rua e algumas perpendiculares, a economia depende essencialmente do que os homens vendem nas suas bancas: tapetes…

Manual de Instruções disto Tudo

Se te sentes perdido na vida e sem saber o que fazer.  Desnorteado e  f arto de tudo, isto é para ti: S OPREI A POEIRA que cobria a encadernação revestida com tecido envelhecido, ratado pelas velhacas das traças. Revelou-se, para deleite dos meus olhos gulosos, o título em caligrafia anti…

A Vida que não foi Vivida

Q UANDO FOR IDOSA, e tiver os cabelos cheios de neve, o rosto marcado de Inverno e as mamas caídas como dois saquinhos de chá colados nas paredes da chaleira, espero não sofrer pela vida que não vivi.  Pelos palavrões escabrosos que não disse, os momentos ranhosos que perdi a chorar, as f…

Viagem à Terra do Diabo — Parte 2

← Continuação da crónica anterior: Viagem à Terra do Diabo – Parte 1 O S PÉS DA VOSSA ESCRIBA avançam pela penumbra das ruas antigas. Perante os seus olhos emerge a ponta reluzente do pirilau do Cabrão (Diabo).  A aldeia é decorada com pentáculos (estrela de cinco pontas que representa o …

Viagem à Terra do Diabo — Parte 1

A TERRA DO DIABO fica muito longe, para lá dos montes. Poucos ousam ir lá, menos são os que sabem da sua existência, e mais raros os que lá moram. Diz a lenda que uma vez por ano, na noite de 31 de Outubro, o Diabo anda à solta numa pacata e remota aldeia nortenha. Tudo fica virado do av…

Poema: SETE CHAVES E TRÊS RÃS

J Á ESTÁ NAS LIVRARIAS a Antologia de Poesia "Entre o Sono e o Sonho" - Vol. XIV, da Editora Chiado Books, com este poema da vossa escriba: SETE CHAVES E TRÊS RÃS Se viveis triste pelos cantos Trocai os prantos por encantos Sentai-vos aqui bem junto a mim Escutai a história até …

«Do Tempo da Maria Cachucha»

Quem foi a Maria Cachucha? D EIXEM-ME COMPOR O NAPERON DE RENDA sobre a minha televisão imaginária enquanto vos falo da origem desta expressão castiça e antiquada que só podia mesmo existir na língua portuguesa. O nome «Cachucha»  tem origem numa música (e coreografia), proveniente da An…

Poema: Rumar O Amor

F OI LANÇADA A Antologia de Poesia Contemporânea "Entre o Sono e o Sonho" - Vol. XIII, da Editora Chiado Books, que inclui este poema da vossa escriba: RUMAR O AMOR   Dormem as estrelas no alto E despertam-me num salto Em nocturno sobressalto Um navio que deslumbra trespassa par…

A Grande Poda de Domingo à Tarde

Uma breve e inocente crónica sobre os prazeres da jardinagem. F UI VIRGEM DE PODA durante muitos anos —, até há bem pouco tempo.  Fiquei de tal modo surpreendida quando descobri os deleites da poda que agora a poda não me sai da cabeça. Dedico-me à poda de duas semanas em duas semanas. Pa…

Pureza e Sabão-Azul-e-Branco

É NECESSÁRIO PUREZA. Céu limpo e a certeza no amanhã azul e leve. Oxigénio. Ar puro. O canto das aves. O sorriso dos bebés. A inocência. A fé. O sagrado. A paz. Harmonia. O vento fresco e lúcido da manhã. Delicadeza. Calmaria. Serenidade. O ritmo cadenciado das marés. O borbulhar da água…

Procuram-se Rebeldes em 2021

A PESAR DOS AUGÚRIOS dos profetas-do-fim-dos-tempos que nos despertam aquele irresistível medo fascinado (ou fascínio amedrontado) capaz de fazer eriçar os pelinhos nos braços e no pescoço, terei de vos desiludir:  Ainda não será em 2021 o fim da Humanidade.  Se falhasse esta previsão ta…

Janela Aberta para o Mundo

D A MINHA BOCA abriu-se uma janela. As portadas de madeira pintadas de branco encostam-se-me ao de leve nas maçãs do rosto. Vejo o céu azul lá fora, de um azul tão livre, tão limpo como o mar das ilhas gregas onde as sereias namoram com os pescadores nas tardes de Sol sem fim. As cortinas…

Tia Alegria

QUANDO NASCI, tive a sorte de receber de presente, tal como nos contos-de-fadas, uma tia e madrinha que tinha dezassete anos e nunca parava de sorrir. Não é a única tia que tenho. Mas é a única que sempre tratei por tu, a mais próxima e a mais especial. A tia Antónia foi, na minha infânci…

Destaque na Revista Fotomanya

H azel Evangelista, nascida a cinco de Maio de mil-nove-e-sete-sete em Oeiras. Contas feitas, tenho apenas dezasseis anos ― que ninguém diga o contrário.  As minhas raízes estendem-se pelo Alentejo e Espanha do lado materno e pela Parede na contraparte paterna. [Destaque publicado na edi…