Carta ao Sindicato dos Suportes de Rolo de Papel Higiénico

quarta-feira, janeiro 13, 2016


Protesto! Sou um suporte de rolos de papel higiénico e quero trabalhar!

Nesta casa onde vivo, ninguém me respeita nem considera. Sou o objecto mais desprezado de todos. Passo semanas na companhia do mesmo rolo de cartão com apenas uma (1!) única folha esfarrapada de papel higiénico colada, que alguém deixou ficar para não ter de colocar um rolo novo. E assim fico abandonado, neste local de maus odores e vista para as nádegas e pendurezas que por aqui passam.

Outro dia, a porta da casa-de-banho estava entreaberta e, daqui do meu cantinho, nos azulejos entre a sanita e o bidé, consegui espreitar pela porta também meio aberta da casa-de-banho do lado, onde morava outro suporte de rolos de papel higiénico igual a mim, que era muito meu amigo, e o único que compreendia e partilhava as mesmas queixas que eu.

Contudo, fiquei tristíssimo. Ele já não estava lá. Alguém o deitou fora e, no seu lugar, estava — imagine-se — uma cesta de palha. Que pouca-vergonha. A delambida da cesta de palha, cheia de atitudes de lambisgóia com auto-proclamada importância, tinha um rolo de papel higiénico inteirinho dentro. É justo?

Receio muito pelo meu futuro. Cada vez que um par de nádegas se senta perto de mim, fico a pensar se serão as últimas que verei. E se um dia também serei substituído como foi o meu colega da casa-de-banho do lado. Protesto, pois, então! Quero trabalhar!

Os rolos de papel higiénico rodam com tanta alegria quando a sua folha é puxada para limpar entrefolhos obscuros e narizes ranhosos. Foi para isso que nasci.
Por favor, deixem-me trabalhar! Assinado: O suporte de rolos de papel higiénico.

Hazel

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