Dia 86

Uma caixa cheia de missangas e uma vida inteira para ordená-las num colar.
A menina de cabelo castanho como a madeira concentra-se ao segurar uma missanga com os seus dedos trémulos e, contudo, pacientes e determinados.

Enquanto a missanga desliza pelo fio de nylon, silenciam-se os gritos e o bater de portas.
O importante é não parar. Nunca parar. Missanga por missanga, elas vão escorregando pelo fio transparente. Algumas caem-lhe das mãos. Ela apanha-as e retoma a sua tarefa.

Os anos passam e finalmente a caixa começa a esvaziar-se até que a última missanga é introduzida no colar.
A menina dos cabelos castanhos segura-o no ar e coloca-o ao pescoço em frente ao espelho.
Encontra a sua imagem reflectida no espelho, que revela os seus cabelos agora grisalhos.
E os seus olhos, outrora vivos e expressivos, cansados. Reina o silêncio, finalmente.
As missangas brilham.

Dia 85

Este blog esteve fora do ar durante algumas horas.
Peço desculpa por não ter avisado antes.
Estou a ponderar a importância de muitas coisas.
Deste blog, e até da minha própria existência.
Lamento, os comentários estão fechados.
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Dia 84

Algumas das minhas ervas.
Para infusões, amuletos, incensos, poções e outros fins mágicos secretos.
Ah, tenho também a prateleira dos sapos, morcegos e unhas de dragão [estou a brincaaaaaar].

Dia 83

Ora, que riqueza. Eis a prova de que afinal a poesia não caiu em desuso, não Senhor.
Que poema tão sensível este, escrito no escorrega do parque infantil.
E julgava eu que os jovens de hoje não apreciavam poesia.