Dia 86

Uma caixa cheia de missangas e uma vida inteira para ordená-las num colar.
A menina de cabelo castanho como a madeira concentra-se ao segurar uma missanga com os seus dedos trémulos e, contudo, pacientes e determinados.

Enquanto a missanga desliza pelo fio de nylon, silenciam-se os gritos e o bater de portas.
O importante é não parar. Nunca parar. Missanga por missanga, elas vão escorregando pelo fio transparente. Algumas caem-lhe das mãos. Ela apanha-as e retoma a sua tarefa.

Os anos passam e finalmente a caixa começa a esvaziar-se até que a última missanga é introduzida no colar.
A menina dos cabelos castanhos segura-o no ar e coloca-o ao pescoço em frente ao espelho.
Encontra a sua imagem reflectida no espelho, que revela os seus cabelos agora grisalhos.
E os seus olhos, outrora vivos e expressivos, cansados. Reina o silêncio, finalmente.
As missangas brilham.

Dia 85

Este blog esteve fora do ar durante algumas horas.
Peço desculpa por não ter avisado antes.
Estou a ponderar a importância de muitas coisas.
Deste blog, e até da minha própria existência.
Lamento, os comentários estão fechados.
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Dia 84

Algumas das minhas ervas.
Para infusões, amuletos, incensos, poções e outros fins mágicos secretos.
Ah, tenho também a prateleira dos sapos, morcegos e unhas de dragão [estou a brincaaaaaar].

Dia 83

Ora, que riqueza. Eis a prova de que afinal a poesia não caiu em desuso, não Senhor.
Que poema tão sensível este, escrito no escorrega do parque infantil.
E julgava eu que os jovens de hoje não apreciavam poesia.

Dia 82

Sintra tem destas coisas.
Ruas com personalidade e encanto, que nos surpreendem e aguçam a curiosidade.
Junto a esta parede alfazema e baunilha, insurge um manequim vestido com roupas vintage, que viajou no tempo e dá os bons dias a quem passa.

Dia 78

Saúdo-te, minha Deusa, e agradeço por todas as bênçãos concedidas.
Pelos presentes inesperados. Pela intuição que chega nas horas certas.
Pela sabedoria. Pela protecção. Pela beleza. Pela magia. Pela paz.
Pela flor de lótus que me apresentaste. Pelas mandalas que rodaram para mim.
E pelo teu olhar que me vigia. Grata. Muito grata.

Dia 77

Não há direito.
Comprei um yogurte com bífidus activo, que diz que faz bem à saúde.
Vem nesta garrafinha de vidro toda pipi.
É de manga, ai o que eu adoro manga.
Custou mais do que 2 packs de yogurtes normais, que isto é coisa 'phina'.

Deitei para um copo, encostei-o aos meus lábios gulosos, e quando ele já ia quase a escorregar-me para as goelas... cuspi-o de volta para o copo! Estava estragado.

'Atão' isso faz-se?
Vou ter de ralhar com alguém. Ai vou.

Eu que nunca compro coisas 'phinas', querem lá ver isto.
Amanhã, vou devolvê-lo. E ai deles se não me trocam por outro. Aiiiiii!

Dia 76

Directamente da sala do trono (vulgo casa-de-banho) para o mundo.

É aqui que tenho algumas das melhores ideias e incorro nas mais profundas introspecções.
Outras vezes, canto, debaixo da água corrente do chuveiro, para não fustigar os ouvidos alheios.

Cercada destas paredes amarelo-xixi e com um ramo de eucalipto pendurado atrás da porta para perfumar, reflicto sobre os dilemas da humanidade enquanto leio os rótulos dos shampôos.

Dia 75

Vou agora deitar-me.
Mas ai de mim se vou dormir sem antes fazer o post do dia. Que vocês ralham comigo.
Está feito! Até amanhã...

Dia 74

Todas as noites, encosto-me ao fogão e as minhas panelas transformam-se na cartola do mago, de onde salta, por artes mágicas, um jantar diferente.
E sopa. Mais a salada.

Hoje concedi a mim mesma o privilégio de jantar sem precisar de cozinhar.
Sinto-me uma grande malandra.

Ah, o mundo sensacional da comida de plástico...

Dia 73

Um verbo nunca pode ser seguido por uma conjunção. É um erro de sintaxe.

Portanto, a conjugação verbal "é" não pode estar junta a "quando".

Aham. Verdade, Senhores, verdade.
Mas escrevi assim na mesma.
Porque foi como pensei e nos meus pensamentos não respeito regras gramaticais.

Dia 72

Ninguém me adora como este gato.
Que enfia o nariz pelos meus chinelos adentro.
E os cheira como se estivessem embebidos em Chanel n.º 5.

Dia 71

Casinha de bonecas.
Adorava-as aos 6 anos. Aos 8. Aos 10. Aos 14. Aos 20. Aos 26. Aos 30. Aos 33.
Aos... e continuo. Nunca tive uma. Um dia... ah, um dia compro uma para brincar.
E depois, vocês continuam a levar-me a sério?...

Dia 68

O kiwi é um fruto peculiar. Desinteressante por fora, mas com um interior muito bonito.
Faz lembrar as mulheres que usam roupas em tons monocromáticos e aborrecidos, mas por baixo têm fantásticos e surpreendentes soutiens coloridos. :)

Dia 63

Senhores, o que eu gosto de molas da roupa.
As minhas preferidas são as que apanho caídas no chão junto aos prédios.
Sou uma ladra de molas da roupa.

Dia 60

Sala de espera do Dentista.
Dispensei a anestesia. Só para mostrar a mim mesma que sou forte.
E sou. Mais do que eu julgava. Aguentei firme.