Escrito dentro do comboio algures entre o Algarve e Lisboa.
Viajar é como viver um caso de amor. Ou de prazer egoísta. Deixar-me seduzir sem oferecer resistência pelo calor de uma nova terra, os seus cheiros, a pronúncia. Pensar que eu podia ficar lá, mas, inevitavelmente, acabo por ir embora, como um amante de uma só noite, o único que alguma vez tive; as viagens.
Dentro da minha cabeça, toca “You could be mine” dos Guns n' Roses, e eu sorrio discretamente, mantendo o registo semi-apagado, silencioso e invisível, em harmonia com o meu velho vestido de lã cinzento e cheio de borbotos.
O comboio atravessa o Alentejo com o Sol doce e quente a entrar por ambos os lados.
Sinto-me abraçada, amada por esta terra onde não nasci, mas estendi uma raiz fininha e esperançosa. Um dia, Alentejo, um dia.
Quase não se sentem os carris, poderia imaginar que estou a viajar sobre nuvens.
As copas das árvores apressadas enchem-me os olhos, que se alongam de amor.
Obrigada, mundo. Ainda bem que aqui estou.
Sinto-me abraçada, amada por esta terra onde não nasci, mas estendi uma raiz fininha e esperançosa. Um dia, Alentejo, um dia.
Quase não se sentem os carris, poderia imaginar que estou a viajar sobre nuvens.
As copas das árvores apressadas enchem-me os olhos, que se alongam de amor.
Obrigada, mundo. Ainda bem que aqui estou.
Sobre carris,
Hazel
Hazel
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