Avançar para o conteúdo principal

Canções do nosso tempo :: O Segredo Horripilante


Não sei se mais alguém terá alguma vez reparado, mas há certas canções infantis de antigamente cujas letras parecem ter sido escritas por psicopatas.

Se julgam que me refiro ao "Atirei o pau ao gato", estão enganados. Essa foi escrita por alguém que espanca animais. São distúrbios diferentes.

Trata-se da perturbadora "Machadinha."

Consigo imaginar este clássico infantil cantado pelo vocalista dos Sepultura, entre as guitarras eléctricas e os gritos estridentes das vítimas.

Observemos detalhadamente a letra duvidosa deste êxito dos bons velhos tempos:
(a canção a preto, os meus comentários a azul):

A Machadinha (letras)

Ah, ah, ah, minha machadinha,
Ah, ah, ah, minha machadinha,
[Começa logo assim, desta forma que soa ameaçadora.]

Quem te pôs a mão sabendo que és minha?
Quem te pôs a mão sabendo que és minha? 
[Ora, aqui percebemos que alguém mexeu na machadinha dele. Ele não gostou.
Alguém vai ter de pagar por isso.]

Sabendo que és minha, também eu sou tua,
Sabendo que és minha, também eu sou tua,
[O dono da machadinha ama-a tanto, que desenvolveu uma ligação obsessiva com ela, considerando-a uma extensão de si, e vice-versa.]

Salta machadinha, lá p'ró meio da rua.
Salta machadinha, lá p'ró meio da rua.
[Pronto, lá vai ele. Atirou com a machadinha para o meio da rua, podendo acertar na cabeça de alguém. Ou terá sido de propósito, e a sua intenção é matar pessoas à machadada? 
O facto é que uma machadinha foi a voar para a rua, e está o pânico instalado.]

No meio da rua não hei-de eu ficar,
No meio da rua não hei-de eu ficar,
[Ai. Eu bem dizia. Foi de propósito. E agora, onde irá ele a seguir?]

Eu hei-de ir à roda escolher o meu par.
Eu hei-de ir à roda escolher o meu par.
[Vai procurar um cúmplice. Alguém que o ajude no dirty work.]

O meu par já eu sei quem é,
O meu par já eu sei quem é,
[Todos se escondem. "Eu não, eu não!", gritam para dentro, apavorados.]

É um rapazinho chamado José.
É um rapazinho chamado José.
[Estás tramado, José. "Eu não sou José, sou só Zé.", responde ele a tremer, engasgando-se com a própria saliva.]

Chamado José, chamado João,
Chamado José, chamado João,
[Então, é o José, ou o João? O assassino está indeciso. Pessoas que tremem como o José não servem para manusear uma machadinha, sujam tudo.]

É o rapazinho do meu coração.
É o rapazinho do meu coração.
[Ficou mesmo o João. O João não conseguiu responder porque estava afónico e engoliu a pastilha elástica com o susto.]

Aqui, a música original:



E é isto que as pessoas cresceram a ouvir em Portugal.

Adversa a objectos cortantes,



Cronista, Viajante no Tempo, Terapeuta, Taróloga, Tradutora, Professora.

Comentários