A origem da enigmática e fascinante "Dança dos Sete Véus" é tão difusa e volúvel quanto o são os Mistérios. Ainda que exista uma ideia — errada — de que é uma espécie de striptease, tal não poderia estar mais longe da verdade.
A Dança dos Sete Véus é, na verdade, uma teatralização do processo iniciático.
A lenda da descida aos Submundos pela Deusa Babilónica Ishtar (divindade associada ao Amor, da Fertilidade e da Guerra), poderá estar na origem desta dança:
Ishtar viajou através do reino dos mortos, onde se encontrava cativo o seu consorte Tammuz. Ao longo da descida, atravessou sete portais, cada um guardado por sete demónios.
Para poder transpor cada portal, foi-lhe exigido que deixasse ficar um dos seus pertences que representava um atributo de que ia prescindindo: beleza, fertilidade, amor, saúde, magia, poder e o domínio sobre as estações do ano.
Todas as jóias e véus que levava iam ficando para trás ao longo da descida. Quando passou o último portal, estava completamente nua.
O cair dos véus representa o revelar dos mistérios outrora ocultos, a abertura da visão, o despertar da consciência.
Simboliza também a troca inevitável imposta pelo eterno girar da Roda da Fortuna: é preciso deixar ir, abdicar do que nos é precioso, desapegando-nos da ilusão de posse, para ascender metafisicamente.
A ascensão faz-se para baixo e não para cima — é no mergulho nos submundos que nos despimos das máscaras sociais e encaramos o nu visceral da Verdade, retornando, assim, à Essência. Como uma semente que precisa das profundezas da terra para poder germinar, e só assim consegue romper a superfície do solo em direcção ao Sol.
Abreviando a lenda, que é extensa, Ishtar revela a sua verdadeira essência e une-se a Tammuz, tornando-se a guardiã das chaves dos portais, que abrem apenas para os Iniciados (existem outras versões mais dramáticas sobre o desfecho desta lenda).
É-me inevitável olhar para esta representação da Deusa Ishtar sem associá-la arcano XXI do Tarot, "O Mundo".
O véu que serpenteia o corpo nu, uma alusão ao Conhecimento desvendado. Tal como Ishtar, acompanhada pelos quatro guardiões. A derradeira representação da Iniciação.
Diz-se que os sete véus correspondem às sete cores do arco-íris, as sete notas musicais, as sete virtudes os sete vícios, os sete planetas, os sete chakras: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul-claro, violeta (ou azul-índigo) e branco.
Sete é considerado o número da perfeição, a soma do três (Céu/Espírito) com o quatro (Terra/Matéria); ou seja, a fusão dos mundos. A Totalidade.
Idealmente, as cores dos véus são as dos sete chakras principais e a retirada de cada véu é acompanhada de movimentos corporais com ondulações ou marcações na zona do corpo que é revelada e que corresponde ao chackra que é "descoberto".
Respondendo à pergunta que paira na mente dos mais conservadores, a verdadeira nudez é um conceito mais profundo que um corpo sem roupa. Não existe nudez física na Dança dos Sete Véus. Os véus vão caindo, mas a roupa permanece vestida. É a alma que se desnuda, não o corpo.
No limiar dos portais,
Hazel
Consultas em Cascais, Oeiras e online
Tarot | Reiki | Regressão | Reprogramação Emocional | Terapia Multidimensional
Tarot | Reiki | Regressão | Reprogramação Emocional | Terapia Multidimensional
Marcação: casa.claridade@gmail.com
Fotos: Hazel Evangelista por Marco Dinis Santos
Comentários