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Querer não é poder. É preciso fazer também.

A excêntrica actriz norte americana Bette Midler afirmou, certa vez: “Quero tudo, e quero entregue em minha casa.” Que atire a primeira almofada de plumas quem nunca desejou, nem que fosse por um inocente segundo, que todos os seus desejos fossem instantaneamente realizados sem qualquer esforço, num estalar de dedos. 

Envolto numa nuvem sobrenatural de fumo, não se sabe se de incenso de sândalo ou nevoeiro igual ao das manhãs frias de Inverno, elevava-se o lendário génio da lâmpada mágica com um turbante de seda púrpura, barbas longas e negras, e toda a generosidade para oferecer. Bastaria desejar para ter. Nem saberíamos por onde começar!

Entretanto, toca o despertador às sete da manhã, carregamos no botão de snooze, e acabamos por apanhar um trânsito infernal. Chegamos atrasados ao emprego e tentamos passar de fininho enquanto os colegas erguem o pulso e olham para o implacável relógio num tom de propositadamente mal disfarçada censura. 

Na vida real, não existem lâmpadas mágicas, e a Bette Midler também nunca chegou a ter tudo. Em todo o caso, ninguém disse que não podemos conquistar o que desejamos. Se o fez, mentiu-nos descarada e imperdoavelmente.

Esta semana, a carta 8 de Ouros leva-nos a reflectir sobre as nossas próprias capacidades, que devemos pôr em prática, não a meio-gás, mas a pleno vapor quando temos um objectivo em mente. Não podemos obter resultados sem genuína e honesta dedicação, minúcia, atenção ao detalhe, tempo de permanência, ritmo, esforço e amor pelo trabalho que desempenhamos. 

Uma floresta não cresce de um dia para o outro. Nós também não nascemos de um dia para o outro. Tudo requer tudo. Se apenas entregamos um pouco, de má vontade e com falta de fé, teremos de contentar-nos com pouco também.

Podemos conquistar o que desejamos, se estivermos realmente dispostos a fazê-lo acontecer, se houver amor e perseverança suficientes. Não pode haver pressa, ansiedade ou tempo para duvidar - e ainda menos para olhar para o lado e tentar ver se o vizinho já o conseguiu antes de nós. Fixemos o olhar em longas distâncias, não curtas. 

O percurso em direcção aos nossos objectivos pode revelar-se exaustivo e desprovido de motivação externa. Por esse motivo, muitos desistem, desmotivam-se, e ficam pelo caminho a lamentar a falta de sorte.

Enquanto dependermos das palmadas nas costas dos outros para andarmos para a frente, nunca conseguiremos avançar mais que uns passos hesitantes. Os outros, provavelmente, até irão levantar obstáculos ou tentar fazer-nos duvidar de que conseguiremos ou de que somos dignos de conseguir seja o que for na vida. Por vezes, esses outros até são os que estão mais próximos de nós. 

Temos de ser nós a impulsionar-nos continuamente para conseguir um milagre. Porque os milagres existem, se estivermos dispostos a trabalhar para merecê-los. O génio da lâmpada mágica somos nós.

Hazel

Crónica semanal publicada no Jornal O Ribatejo, 16 Junho
Foto: Cylla von Tiedemann
Cronista, Viajante no Tempo, Terapeuta, Taróloga, Tradutora, Professora.

Comentários

Micka disse…
Perfeito texto e perfeita música.
Exatamente como devemos ser.
Correr atrás de nossos sonhos.
Beijos!!!
Catarina H. disse…
Oh Hazel, às vezes parece que me lês o coração. Como precisava ler agora as tuas palavras. Concordo a 100% com o que dizes, estou a vivê-lo neste momento. Finalmente resolvi lançar-me num projecto profissional meu, daqueles de paixão e está a dar luta, mas também está a começar a dar frutos, mas por ter me deixado de importar com os outros, começando a acreditar nas minhas próprias capacidades.
Vou guardar as palavras deste teu texto, para ler naqueles dias em que parece que me faltam as forças, como lembrete.
Beijinhos gratos