Ao longo de séculos, as mulheres lutaram ferozmente para ter o direito de usar calças, fumar, tomar a pílula anticoncepcional, trabalhar fora de casa, ser promovidas nas empresas, votar, entrar no mundo da política, ter poder de decisão.
Queimaram soutiens, andaram à tareia, insultaram e foram insultadas.
E conseguiram - nos países considerados civilizados, bem-entendido.
As mulheres quiseram poder fazer tudo o que os homens fazem e, de preferência, de forma mais criativa e arrojada. Quiseram mostrar-se mais capacitadas, melhores que os homens em todos os aspectos, num compreensível exercício eufórico de liberdade com retroactivos, para compensar séculos de opressão patriarcal.
Ainda que haja aprimoramentos a fazer, a igualdade foi conquistada.
O rótulo do sexo fraco foi arrancado com revolta e despedaçado.
Excepto quando uma porta se abre. Nesse caso, os homens continuam a ceder passagem às mulheres para que estas entrem primeiro. Somos iguais, mas vocês, os portadores penianos, entram a seguir. Tomem.
Ou, se houver poucos lugares sentados, são os homens que continuam a ter de prescindir do conforto em prol das mulheres, mesmo que estas não sejam idosas, grávidas ou tragam uma criança de colo. Também em caso de catástrofe, são as mulheres as primeiras a ser resgatadas.
Os homens já não sabem o que fazer connosco. Estão confusos.Afinal, o que queremos nós?
Não posso responder pelas outras. Falando apenas em meu nome, quero poder usar calças, votar, ter poder de decisão, trabalhar fora de casa, ser promovida.
Continuo a usar soutien em declarado e empinado protesto contra a lei da gravidade.
Quero também ser salva primeiro em caso de catástrofe. E entrar à frente nos edifícios, especialmente se for para ir às Finanças, que está sempre uma grande fila para tirar senha.
Se ninguém se importar nem levar a mal, eu quero tudo.
Desculpem, homens!
Hazel
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