Dia 339

Árvore de Natal improvisada: 
- um ramo de arbusto apanhado na rua, resultante de uma poda camarária. 
Poda. P-O-D-A.
Falta decorar.
(Projecto 365)

Dia 337

Ideia luminosa: um chapéu de palha a servir de candeeiro de parede.
Só dá para usar com lâmpadas economizadoras, que não aquecem.
(Projecto 365)

Dia 336

Querido Pai Natal,

Este ano, fui cá um diabrete, hã?... Fui, pois fui.

E aqui estou a escrever-te na mesma, porque sei que as tuas barbas não se arrepiam de espanto; antes diabrete e feliz, que anjinho e triste.
Tu entendes.

Agradeço-te muito por todos os presentes que pedi e recebi. Do fundo do coração, Pai Natal. Foste muito generoso comigo.

Se achares que mereço, este ano, gostava muito de receber:

1. Um microfone cardióide com alimentação própria, para o "Pergunte à Hazel". O programa parou porque estamos sem microfone, imagina tu;

2. Perfume Anaïs Anaïs. Ou um dos da L'Occitane. Ou uma água de colónia suave;

3. Qualquer livro do Carlos Castañeda;

4. Meias até aos joelhos. Ao contrário de toda a gente, Pai Natal, eu não me importo de receber meias. Ah, tamanho 38;

5. Um vestido antigo e romântico. Tamanho 36.

Toma lá um beijinho, Pai Natal!
(Projecto 365)

Dia 335

Para lá desta porta mora uma serpente verde que se confunde com as raízes das árvores. Fria, porém, lasciva e perigosa, observa pelo buraco da fechadura que só abre com a sua língua bifurcada, os intrusos que ousam aproximar-se.

Uivam os lobos que a serpente verde é uma mulher de cabelos ondulados e olhos profundos que vive no coração da serra com uma outra serpente, de cor vermelha. 

As duas alimentam-se uma da outra. Os seus corpos sinuosos elevam-se e entrelaçam-se formando uma dupla espiral de fogo num êxtase sublime que faz jorrar a lava das profundezas da Terra até uma constelação longínqua num outro sistema solar, unindo assim vários mundos. Ambas têm o mesmo fogo ardente no centro dos olhos, que acende velas e inflama o vinho antigo, evaporando-lhe o álcool e apurando o aroma das especiarias.

Bruxas e bruxos ao longo dos séculos têm mexido caldeirões para tentar chegar à fórmula desta união, juntando ingredientes mágicos como pó de amor, a vibração da nota mais aguda do teclado de um piano, fumo de incenso de sândalo, brilho de estrelas...
Nunca acertaram. Porque a mistura perfeita apenas os Deuses conseguem produzir.
(Projecto 365)