Presente do Brasil!

Sabem aqueles dias em que tudo começa por correr tão mal, que só falta aparecer um cão, alçar a perna, e fazer-nos chichi para cima?

Hoje o meu dia começou assim. Fui levar o L. à escolinha, e regressei a casa chateada com algumas contrariedades que irei resolver.

Além disso... dia cinzento e frio... consulta no Dentista marcada para de tarde...
Estava sem inspiração para fazer um post. - E sabem como isso nunca acontece...

De repente... tlim tlom..... (a campainha da porta). Era o carteiro.
- É a senhora Hazel?
- Sim. É uma encomenda do Brasil??
- Assine aqui, por favor.

Uma caixinha (usei o Photoshop para apagar as nossas moradas)...
... uma cartinha amorosa... - Margaret, que caligrafia linda... adoro esse "M"...!
E a florzinha, que detalhe tão querido.
Abro a caixa, e dentro de um saquinho estavam rolos e rolos de fitas do Senhor do Bonfim da Bahia. Tantos!!!
.... e que lindos... de tantas cores...

As fitas do Senhor do Bonfim são um talismã que protege quem as usa, e ainda mais, se forem oferecidas (Obrigada, Margaret!).
Para além de protecção, concedem 3 desejos a quem enrolar a fita com 2 voltas no pulso, e der 3 nós. A cada nó é feito um pedido. Os pedidos serão concedidos quando a fita se partir naturalmente.

Margaret... obrigada pelas fitas. Adorei! Fiquei muito feliz por recebê-las. Alegraram o meu dia, e iluminaram o meu estado de espírito, que hoje estava com uma nuvenzita por cima...!

O mundo, dos olhos de uma criança

Toda a gente já conhece a célebre cena do filme "O Clube dos Poetas Mortos", em que o professor ensina os alunos a subir para cima das secretárias, como forma metafórica de ver o mundo de uma perspectiva superior.

O que ninguém sabe é que, às vezes... eu faço precisamente o contrário disso!

Ajoelho-me no chão, e olho para cima (já estou a imaginar meio mundo a rir de mim). Sou um pouco estranha, pois (em sussurro: é mais divertido assim...).

Mas, depois de dizer o motivo, quero saber quantas mães por aí vão passar a fazer o mesmo. Quero mesmo.

Eu explico. O meu filho tem 3 anos, quase 4. Quero que tenha uma infância tão bonita e mágica quanto me for possível.
E coloco-me de joelhos para me lembrar de como é ver o mundo pelos olhos de uma criança. Ponho-me da sua altura, para ver como ele vê a nossa casa.

Foi aí que surgiu esta ideia...

Atei uma linha branca (das de coser, mesmo) ao candeeiro da cozinha e a outra parede, e nela penduro pequenas fitas de papel colorido (claro...) e estas bolinhas de Natal, que aqui ficam o ano inteiro, porque na nossa cozinha... é sempre Natal.

Esta decoração está assim há mais de um ano. Não há motivo para não se viver sempre num ambiente festivo. E o L. adora, isso é o mais importante...

Viver em technicolor

Seria incapaz de viver durante muito tempo numa casa toda branca. Nada contra o branco, mas prefiro viver em technicolor...!

Gosto da expressão, do estímulo visual, e de sentir as diferentes e tão nítidas vibrações que cada cor emana, ao sair de um quarto e entrar noutro.

Os silêncios profundos dos azuis, a meiguice adocicada dos cor-de-rosas, os sussurros alegres dos amarelos, os risos divertidos dos laranjas, o embalo flutuante dos verdes... (também, poderá isto ser os primeiros indícios de esquizofrenia...)

Esta parede cor-de-rosa pertence ao nosso escrinásio - palavra aqui de casa, que corresponde à contracção de escritório + ginásio.

É um quarto pequeno, mas muito funcional, onde está localizada a "sede" da Casa Claridade, onde se passa a ferro, engraxam sapatos, e faz-se ginástica. Raramente está arrumado!

Esta espécie de penduricalho que vêm pendurado no batente da porta é a armação de um abat-jour, que desmanchei, e decorei com fitas de seda e pequenos objectos (quem leu o post da cómoda reciclada, já sabe da minha paixão por fitas coloridas).

Transformou-se num objecto sem nenhum sentido prático. Não é um candeeiro, nem um espanta-espíritos. Nem sei explicar muito bem o que é, mas alegra-me vê-lo todos os dias. E recorda-me que a vida não é para ser levada assim tão a sério. São estas as suas funções.

Neste dia tão frio, sabe bem entrar em casa, e ser-se abraçado por estas paredes alegres e coloridas.

Tesouro encontrado no lixo

Eu sou aquela pessoa que, quando se lembra de atravessar a rua uns 2 metros ao lado do sítio habitual... quase sempre encontra uma moeda no chão.

Se vamos de carro, e por algum motivo imprevisto, temos que nos desviar para outro caminho secundário... quase sempre achamos alguma espécie de tesouro.

Sim, quase sempre. São tantas as vezes que isso acontece, que abri uma nova Divisão na Casa Claridade - Arca do Tesouro - onde irei partilhar algumas destas experiências.

Este fim-de-semana achámos um verdadeiro tesouro. A caminho de Sintra, vimos um saco transparente cheio de livros, junto ao lixo.

Há 2 coisas que nunca deixo para trás: plantas e livros. Temos enorme respeito pelos livros, e tratamo-los sempre com cuidado e carinho, como se fossem seres com alma. E, no fundo, até são...


Salvámos esta colecção...

Grandes autores: Goethe, Machado de Assis, Camilo Castelo Branco, José Régio...








Também salvámos estes...

Reparem no primeiro título:
"O Livro das Lendas"...
Deve ter histórias fantásticas.






E agora... os mais especiais...


"Voyage au tour du monde - Capitaine Francoeur", par Raymond.

Não lhe encontro data, mas vê-se que deve ter muitos anos.














O primeiro é de 1912.
O segundo, de 1896.

Têm 96 e 112 anos, respectivamente.










Aquele de que mais gostei.

A capa é linda, linda...
É antiquíssimo, embora não tenha lhe encontrado data.















A contracapa, de tecido, que não podia deixar de fotografar.

















Mais alguns, igualmente antigos... e um pouco maltratados.




















Outra perspectiva dos mesmos.

Mesmo maltratados, são lindos.

Que encanto têm estas velhas folhas.











Todos estavam no lixo, prestes a um destino muito triste e inglório.
Felizmente, vimo-los a tempo. E adoptámo-los.

Terão, agora, uma vida dignificante, e serão tratados com o carinho e respeito que merecem.

Para algumas pessoas, isto é lixo. Para mim... é um tesouro.

Lua Minguante + final de ano = Limpeza Geral

Agora, que o ano está a chegar ao fim, e estamos em plena Lua Minguante, é a fase ideal para resolvermos tudo o que se arrastou pelo ano à espera de solução.

Devemos aproveitar para livrarmo-nos do que não queremos, para, assim, criar espaço para as novas energias do ano que vai entrar. Refiro-me a:

- doar roupas, livros, CDs, DVDs, objectos que já não gostamos/usamos;
- limpar as zonas críticas da cozinha: forno, frigorífico, micro-ondas...;
- substituir lâmpadas fundidas;
- mandar reparar electrodomésticos avariados;
- colocar nos ecopontos papéis velhos, electrodomésticos que não funcionam e não têm reparação, etc...

Calma... tudo com método; uma divisão de cada vez.

Observe com muita atenção; o objectivo é resolver tudo o que precisar, disciplinada e firmemente.
Eu comecei ontem. Acompanham-me nisto?

Para além desta em que estamos neste momento, só iremos ter mais uma Lua Minguante este ano, por isso, a contagem começa... AGORA! Plim! O sino está a tocar!

Queime incenso de alfazema, coloque música a tocar - até pode usar a da Casa Claridade ;-)
E deixe-se contagiar pela boa disposição. Boa Sorte!

Vou contar um Segredo...

Tenho andado a aguentar-me o melhor que posso, para não falar sobre o Natal antes de 1 de Dezembro, que é a data oficial de início das festividades.

Como abster-me deste tema, se todos os dias, ao ir buscar o L. à escola, vejo as ruas onde passo, encantadoramente iluminadas para o Natal, a tentar-me?

Ah.... quero lá saber que hoje ainda seja 20 de Novembro...

Vou contar-vos um enorme segredo. Daqueles mesmo grandes, e que só podem ser contados à boca fininha: O Pai Natal............................................... sou eu! Kakakakaka

Todos os anos, desde ainda antes do nascimento do L., quando menos se espera, desapareço misteriosamente... As minhas roupas vermelhas, guardadas durante o ano inteiro no fundo de um baú, deslizam-me pelo corpo, enquanto as luvas de lã pretas, o gorro e as barbas se instalam nos devidos lugares. Tudo é feito em grande segredo.

As minhas maçãs do rosto ficam pintadas de cor-de-rosa, e passo a usar óculos. Ganho uma barriga enorme e bem-disposta, e a magia acontece.

É com estas vestes que ilumino os olhos e coração das crianças (pequenas e grandes), e aproveito para fazer poses ridículas, perante o olhar curioso dos vizinhos, que me vêm chegar a casa (pois... eu venho do Pólo Norte).

Não contem a ninguém... Shhhh......

Agora, com licença, que vou fazer uma revisão às minhas renas, pois, em breve, vão fazer uma grande viagem... Ho! Ho! Ho!...

Comigo-ninguém-pode!

... é mesmo assim o nome popular desta planta: "Comigo-ninguém-pode".
Esta nossa mais recente hóspede foi salva do lixo.

A Comigo-ninguém-pode é uma planta muito poderosa, que absorve as energias negativas das pessoas mal-intencionadas, e protege de inveja e mau-olhado.

Dá-se bem em ambientes de sombra, ou meia-sombra, e gosta de ser regada regularmente.

A sua seiva é tóxica (convém ter cuidado com crianças pequenas e animais).

Numa noite de Sábado, vi uma planta muito alta e de formato bonito, abandonada junto ao contentor do lixo.

Já podem imaginar... marcha-atrás, que está ali uma planta no lixo!"
Mas, quando saí do carro, e me aproximei dela, verifiquei que estava completamente seca.

No entanto, continuei ali, com um certo "formigueiro áurico". Senti um apelo, uma energia que me puxava. Olhei para o chão, e vi um saco plástico preto. Sem sequer racionalizar que ele poderia conter qualquer coisa perigosa ou suja, tive um estranho ímpeto de abri-lo.

Lá no fundo, estava esta plantinha, a Comigo-ninguém-pode.
Exactamente tão verde como a vêm na foto. Com cuidado, retirei-a e trouxe para casa.

Apesar de estar completamente saudável e viçosa, alguém a deitou fora, e nem sequer lhe deu a oportunidade de ser vista, enfiando-a num saco de plástico, que só uma doida como eu se atreveria a abrir.

É uma planta estranha e especial. Apesar das circunstâncias em que estava, conseguiu salvar-se. Gritou suficientemente alto para que os meus "radares" conseguissem ouvir.

Mesmo estando em perfeito estado, recebeu o mesmo tratamento que todas as náufragas têm, ao chegar; as suas folhas foram todas lavadas, foi mimada, e até a mudei para esta simpática floreira de barro, que há tanto tempo ansiava por uma planta à sua altura.

Bem-vinda a casa, Comigo-ninguém-pode!

A lenda de São Martinho


Nos dias perto de 11 de Novembro, o Outono faz sempre uma pausa, dando lugar a um clima quente e soalheiro, como se fosse Verão -  o "Verão de São Martinho".

Diz a lenda que numa noite de bastante frio e chuva, um soldado romano encontrou um mendigo mal agasalhado e cheio de frio que lhe pediu esmola.

Não tendo mais nada para lhe dar, o soldado rasgou ao meio a sua capa e ofereceu-lhe metade.

Para retribuir esse acto de bondade, todos os anos, por esta data, o Outono passou a fazer uma pausa, para que o calor e a alegria inundassem, por uns dias, a Terra.

É tradição comer-se castanhas assadas, acompanhadas de jeropiga ou água-pé.

Hazel

Sintra

Coisa rara... um post no Domingo à noite.
Apeteceu-me.
Passeio neste Sábado por Sintra.
Lua Crescente.
Pôr-do-Sol, e cheiro a maresia.

Um bom começo de semana a todos os leitores, de quem já sou um pouco íntima. Ho ho...


Sou adversa a Centros Comerciais. Estes são os lugares onde prefiro ir.

Não sou "chique".

Por baixo desta imaculada capa, está um sofá com uns 10 anos, que tem a cor original desbotada e nódoas, dessas que só saem à tesourada.

Mas isso não é suficiente para descartá-lo. O que me importa é a sua essência, não o aspecto superficial, que pude alterar.

Reaproveitei, certa vez, umas cortinas que tinha guardadas e já não usava, para usar como capa.

Cosi uma à outra, e a capa improvisada serviu que nem uma luva para dar um visual mais "polido" a esta peça que tem acompanhado a nossa família desde o primeiro dia.

Isto não é chique. "Chique", se calhar, seria comprar um sofá novo, caríssimo, e deitar fora este, aumentando ainda mais a quantidade de lixo que o mundo já tem. - perdoai o sarcasmo.

Recebi um comentário - anónimo! - que dizia que eu devia tentar ser mais "chique" (??).

Ora bem, eu não sou "chique". Nunca disse que o era. Nem quero ser "chique" - muito menos, para tentar agradar. Aliás, o que é ser-se "chique"? O conceito é subjectivo.
Como pode alguém decretar o que é, ou não, "chique"? Tal capacidade seria comprovada de que forma? Não conheço nenhuma equação matemática cujo resultado seja... "chique"!

Eis aquilo que sou: económica, simples, humilde, criativa e ecológica. Uma pessoa real.

Neste sofá, aconcheguei-me, embalada pelo CD "Opera Sauvage", do Vangelis, e fiz exercícios respiratórios para tentar disfarçar a dor das contracções, enquanto fazia tempo para ir dar à luz na Maternidade.

Esta sala já presenciou sorrisos, gargalhadas, lágrimas, pedidos de desculpa, gritos de alegria, eu sei lá... Aqui, o L. deu os seus primeiros passos.

Foi neste sofá-não-chique, com o laptop no meu colo, que nasceu a Casa Claridade.

Ah... a propósito, vêm aquela moldura que está à esquerda, em cima do baú antigo, que tem uma foto com um mar azul turquesa?

A mulher na foto sou eu... nas Caraíbas. Fiquei hospedada no Hotel mais caro e luxuoso da ilha. Chique, não? Kakakaka!

A dona das nossas janelas

Esta amiga rola já faz parte da nossa família há, pelo menos, uns 3 anos.

Não me recordo exactamente de quando nos adoptou, mas nunca mais deixou as nossas janelas, desde então.

Chegámos a estar quase um mês fora de casa, e, quando regressámos, assim que levantámos as persianas, cá estava ela!
É de uma lealdade extrema.

Por nunca nos ter abandonado, passei a recompensá-la com algumas guloseimas; quando sobra arroz cozido, coloco num pires do lado de fora da janela. Ela adora. E também gosta muito dos restos de Nestum do L..

Outras vezes, coloco arroz cru, migalhas de pão, ou até alpista.

Voa de janela para janela, para observar-nos cá dentro (tal como está a fazer na foto!).
Está sempre a vigiar todos os nossos movimentos. Faz parte da nossa casa e da nossa família. Ela não é nossa; nós é que somos dela. Com a vantagem de que é livre.

(Hoje o post é curto e sem "sal"; fui cortar o cabelo, o que, para mim, é quase uma agressão.
Só vou à cabeleireira, mais ou menos, de dois em dois anos.
Estou triste, sinto-me incompleta.
Porque será que as cabeleireiras cortam sempre tanto? - pergunta de retórica, nem carece de resposta.
Amanhã volto com outro ânimo. Ou não. Se calhar, vou esperar até o cabelo crescer.)

Quanto mais simples, melhor.

Ontem tive que dar prioridade aos afazeres domésticos, os quais me revelaram duas tão grandes verdades, que não posso deixar de compartilhar:

1º - Descobri que quando queremos que chova... basta lavarmos as janelas;

2º - Também descobri, afinal, para que servem as ancas das mulheres: para apoiar o alguidar da roupa, quando nos dirigimos para o estendal...!
(Não pensem que estou a fazer de conta que desconheço as outras utilidades das nossas ancas, mas isto é um blogue familiar)

Avancemos, e deixemos de lado as minhas "profundas" divagações...

Costumo fazer alterações na decoração a cada 2/3 meses. Faço-o, porque, quando mantemos os objectos em movimento, assim também estarão as energias...

Quando olhamos em volta, e já não distinguimos umas coisas das outras, apenas vemos o todo, significa que está na hora de "baralhar e voltar a deitar as cartas".

Para ter novos focos de interesse na decoração, não é preciso andar sempre a correr para a loja. Nada disso.

Com um pouco de carinho e dedicação, podemos usar os recursos da Natureza e fazer os nossos próprios elementos decorativos. Quanto mais simples, melhor. Vejam se não tenho razão:

Pedindo a devida licença à Mãe-Natureza, "esgueirei" as mãos por entre os arbustos de uma propriedade vizinha, e "subtraí" alguns ramos de hera, para fazer uma coroa (guirlanda, no Brasil).

Não pode existir nada mais fácil de executar. Bastou entrelaçar os ramos uns nos outros, e depois atar em cima com um pouco de ráfia.

A hera é um dos esconderijos favoritos dos duendes e protege a casa de espíritos malignos.

É um símbolo de longevidade - existem alguns exemplares de hera que atingiram 400 anos! - e de fidelidade, devido à sua ligação com a mitologia grega.

Algumas pessoas consideram-na uma praga dos jardins (eu acho que a praga são as próprias pessoas).

Então, tenho, ou não, razão?