Ser mulher é muito difícil.
Se sou simpática e sorridente, julgam-me subserviente.
Se fico séria, julgam-me arrogante.
Se visto uma roupa com decote, julgam-me provocadora.
Se me tapar muito, julgam-me puritana.
[Estive quase para terminar cada uma das frases anteriores com a palavra "bardamerda", assim:
Se sou simpática e sorridente, julgam-me subserviente. Bardamerda.
Se fico séria, julgam-me arrogante. Bardamerda.
Se visto uma roupa com decote, julgam-me provocadora. Bardamerda.
Se me tapar muito, julgam-me puritana. Bardamerda.]
Com o passar dos anos, o mundo começou a querer impôr outras exigências. [Bardamerda?]
Aos 37 anos, o mundo estranha que eu tenha o cabelo tão comprido.
E, pior, que o use sempre solto.
Já era o momento para cortá-lo e encaixar-me, assim, na formatação da mulher que se aproxima da meia-idade e, portanto, precisa de ser prática e deixar-se de romantismos e idealismos.
Aos 37 anos, o mundo estranha que eu continue a rir-me e mantenha a delicadeza que sempre me caracterizou. Já era tempo de me tornar mais sisuda, mais pesada.
Aos 37 anos, o mundo, que tanta necessidade tem de catalogar as pessoas, fica confuso comigo, não sabe onde me colocar, porque não sou igual às outras mulheres da minha idade. Em todas as idades por que passei, sempre fui a peça de puzzle que não encaixava em puzzle algum.
Quando entrei na idade adulta, tentei ser igual aos outros, tentei ser o que o mundo esperava que eu fosse, castrando os meus próprios sonhos e ambições. Não fui feliz.
Porque eu não era eu. Levei muitos anos até perceber que, para ser feliz, tenho de ser eu mesma; diferente, rebelde, incompreendida e incompreensível. Injustificada e injustificável. Amada, mal-amada, criticada ou elogiada. Mas eu, sempre eu.
Por isso, rio-me na cara do mundo quando este me olha com estranheza.
E nada digo, porque não preciso de explicar-me a esse monstro abstracto, essa sombra das multidões projectada na parede, que escraviza as mulheres tornando-as todas iguais umas às outras, e diferentes de si mesmas.
Hazel
Comentários
Hazel,
Pensamento mútuo.
Alexsandra
Deixo-te uma nova poesia (ainda não publicada) que dei nome de RECEITA
Sou o melhor de mim
Sou o pior de mim
Uma mistura do bem e de anjo ruim.
Fazer o quê? Fui feita assim.
Yvone
bjus abraços do outro lado do atlântico....
*Mai nada! :)
Beijos
Ana
A vida inteira desde quando me entendo como gente, fui considerada uma puzzle(adorei este nome para a minha característica rs), uma mulher sem estereótipo que a sociedade tanto exige e após o avanço da idade com maturidade, me sinto leve, livre e solta...feliz por ser eu mesma!
"A dona daqui,além do seu blog, me faz sentir gente, uma mulher de verdade (para o meu conceito, claro!)"
Sou uma eterna prendiz...adoro!
Gratidão por você existir!
Beijos cheio de luz!