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Se a vida te dá limões, é porque os plantaste.


A fé na Humanidade caminha em passos vacilantes enquanto “os maus” continuam a ser maus e nada parece acontecer-lhes. Safam-se sempre, os sacanas. Imaginamo-los a envelhecer bronzeados, sem flacidez nas nádegas e cheios de charme com o dinheiro dos nossos impostos à beira da piscina, de cocktail colorido na mão, olhar felino e um sorriso mefistofélico nos lábios.

Ainda não consegui discernir se actualmente a corrupção é maior, ou apenas mais noticiada que no tempo dos dois canais de televisão. Parece que anda meio mundo a enganar outro meio mundo. Na política, nas empresas, nas associações, nas igrejas, nos círculos esotéricos, nas terapias alternativas, nas famílias, entre amigos.

Para quê ser certinho, com tantos por aí a roubar, a enganar, a desrespeitar o próximo - e a rirem-se na nossa cara. Vivemos permanentemente com um Darth Vader imaginário a seduzir-nos na sua voz metálica e abafada - porque o lado negro da força parece ser mais poderoso, ter mais sorte e até mais estilo.

No entanto, a decisão é sempre nossa. Queremos que a vida nos dê maçãs doces e reluzentes, cor de rubi, quando aquilo que andámos a plantar foi sementes de limão

O Universo é muito justo, até mesmo no que consideramos injusto. Se o que lançamos à terra é amargura, competitividade, rivalidade, ganância, falta de verdade, escassez, é justamente isso que iremos colher mais tarde. Podemos tentar enganar o mundo inteiro, mas - bem lá no fundo - todos sabemos aquilo que fizemos. A justiça é um fruto que pode demorar bastante tempo a amadurecer, mas acabaremos sempre por ter de colhê-lo. Como se diz, o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória.

Esta semana, a carta A Justiça recomenda-nos a vigiar as nossas acções, mesmo as mais pequenas, procurando que sejam tão límpidas, honestas e generosas quanto nos for possível. Aqui, neste simpático planeta que partilhamos, não existem santos. Todos já fizemos, numa ou noutra ocasião de fraqueza, um chichi fora do penico.

Que atire o primeiro limão-siciliano aquele que nunca meteu uma mudança abaixo para passar o semáforo laranja, enquanto via se não havia polícia por perto. Somos humanos. Olhemos um pouco mais para nós, e menos para os outros. Afinal, a única pessoa que temos o poder de melhorar somos justamente nós.

Se aquilo que desejamos colher é abundância, alegria, paz, amor, é precisamente isso - sem tirar nem pôr - que temos de dar ao mundo. Não vale desistir à primeira. Afinal, os frutos demoram até nascer. Na minha cozinha, tenho duas sementes de abacate e uma terceira na varanda há mais de duas semanas. Ainda não nasceu nada. Mas eu lá vou regando todos os dias...

Hazel

Crónica semanal publicada no Jornal O Ribatejo, 19 Maio
Cronista, Viajante no Tempo, Terapeuta, Taróloga, Tradutora, Professora.

Comentários

Hummmmmmmmmmmm, realmente! Beijos!
Perfeito Hazel...estou neste momento de regar e esperar!
Beijos!
CamomilaRosa
Catarina H. disse…
Mesmo o que eu precisava de ler agora. Também acredito nisso de "tudo o que vai, volta". Há que plantar, regar e esperar.
Grata pelo texto :)
Beijinhos e bom fim de semana
Sofia Cortez disse…
Acima de tudo, devemos agir em paz com a nossa consciência. Com aquilo que nos faz feliz e bem. Damos aquilo que recebemos... lá vamos semeando até colhermos.