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A Página Cento-e-Oito

E ntrou pela janela ao fim da tarde, lançada por uma rabanada de vento que derrubou o porta-retratos. Os olhos do gato, que acordou assarapantado, seguiram a queda lenta até aos meus pés de uma folha que se enrolou sobre si como as rosas-de-Jericó quando rolam pelas areias quentes do d…

41 anos!

O ponto de exclamação no título é como uma palmadinha de consolação no meu próprio ombro. Quarenta ainda vá, mas quarenta — e! — um. Valham-me os Deuses. Este foi um ano de morte, de renascimento e de um grande salto de fé. Apaixonei-me, casei, mudei de nome, continuei a escrever…

Bilhete de Ida

E stá decidido. Já anotei nos alfarrábios estrelares quanto tempo vou querer viver. Que alívio isso me trouxe, por Láquesis! De-agora-em-diante (quase escrevia ‘doravante’, mas encontrei a palavra cheia de pó por falta de uso, assim engavetei-a embaraçadamente neste parêntesis), não …

A Revolução dos Cravos

“S E QUISER, TOME, UM CRAVO oferece-se a qualquer pessoa”, respondeu Celeste Caeiro, 40 anos, ao soldado que lhe pediu um cigarro. Não tinha mais nada para oferecer senão os braços cheios de cravos vermelhos e brancos. O restaurante onde trabalhava, em Lisboa, celebrava nesse preciso…

Ai Jeremias

N ÃO HÁ REMÉDIO  que te cure essa urticária, Jeremias. Enfiou-se-te por entre os dedos das mãos e dos pés (não vamos contar aos senhores sobre as zonas pudibundas onde ela também comicha, fica descansado, hã). Todo tu comichas em formigas-de-asas peludas e invisíveis que te alfinetam…