Dia 216

Nas frestas das tábuas do soalho escondem-se navios de piratas desdentados, arranha-céus e oceanos sem fim. Existem semáforos, filas de trânsito, pessoas apressadas a caminho do trabalho e cães que fazem xixi nos troncos das árvores. Pois, não haverão elas de ranger...

Raio de Luz


O cálido raio de Sol atravessa silenciosamente as vidraças da janela e ilumina a casa sombria.
Dançam no ar partículas de pó com séculos de existência. Revelam-se colchas de malha ratadas pelas traças, livros bolorentos e o que resta de um colar de pérolas espalhadas pelo chão. Ferve-se um chá de verbena para espantar a tristeza e varre-se sem parar.

Deixei a vassoura a varrer sozinha enquanto mostro ao raio de Sol todos os cantos escuros.
Faz favor, é por aqui, raio de Sol. No fundo do roupeiro. Nos armários da cozinha. 
Atrás dos móveis. Ao lado do sofá. E no fundo da minha alma. 
O raio de Sol percorre tudo. Leva tempo, mas ele chega aos cantinhos todos.

Hazel