Dia 365 - The End!

É com grande alegria (e alívio!) que encerro o Projecto 365.

Ai, Senhores... nuuuunca mais me meto numa destas! ahahaha

Devia estar doida quando tive esta ideia, mas além de doida sou também teimosa, de forma que fui até ao fim.

Um ano inteiro relatado em imagens.

Muito grata a todos os que me acompanharam e incentivaram.
De coração.
Feliz 2012!
Beijos aliviados

Dia 362

Andava com esta pergunta na cabeça:
- Quanto cabelo tenho eu?

Pois, fui investigar...:

Um adulto tem, em média, 3 milhões e meio de cabelos (diz a Wikipédia).
Ora, o meu cabelo mede 77 cms.

Contas feitas, tenho 269.500.000 cms de fios de cabelo, no total.
Simplificando, 2.695 quilómetros.

Se unisse pelas pontas todos os meus cabelos, dava para atravessar Portugal, Espanha, França, Bélgica e chegar até à Alemanha. Fantástico!

Agora, vou pentear-me, que pareço uma bruxa. :)
(Projecto 365)

Dia 359

Ó Pai Natal, Pai Nataaal!!!
Mas o que vem a ser isto? Perdeste a cabeça, Pai Natal?
Uma bicicleta!! Para mim?
Sonhei com isso toda a vida, aprender a andar de bicicleta.
Obrigada, Pai Natal, por me mostrares que nunca somos velhos demais para realizar os nossos sonhos. Vou aprender! Vou!
(Projecto 365)

Dia 356

Para atravessar o caminho espinhoso por entre os ramos afiados que, por vezes, o Universo nos apresenta, temos de aprender a vencer o medo.

A primeira reacção é encolhermo-nos e tentar passar pelo espaço maior. 
Mas nunca é grande o suficiente, e ferimo-nos. Sangramos. Sofremos.
Quando percebemos que assim não há como sair ilesos, e o aceitamos, vencemos o medo.

E então, tornamo-nos Ar. Sem forma, sem rigidez, sem expectativas, sem medos. 
Deixamo-nos simplesmente ir, fluir, e, num só sopro, atravessamos todos os ramos com delicadeza. É assim. Ser Ar.
(Projecto 365)

Dia 355

Os raios de Sol atravessam a fina trama do tecido e beijam a minha pele de forma difusa e cálida, penetrando os poros e alimentando-me a Alma. 

Fecho os olhos e vejo o meu plexo solar irradiar Luz em todas as direcções.
Mesmo nua, um manto quente e invisível envolve-me, formando uma bolha de silêncio à minha volta. Murmuro a letra M. Mmmmmmmmmmmmm...

O som da minha voz ecoa dentro da bolha e propaga-se, viajando por todo o Universo, levado pelos ventos. Regressa a mim forte como um relâmpago. Absorvo-o.
Agradeço aos Deuses. E volto ao mundo dos mortais.
(Projecto 365)

Goldstone Azul :: A pedra-estrela

Goldstone Azul.

Foi o resultado de tentativas para criar a Pedra Filosofal por monges alquimistas italianos há séculos atrás. A sua fórmula secreta tem passado de geração em geração, estando entregue à família Miotti, de Itália.

A goldstone azul apura a intuição. Coloque-a sobre a 3ª visão (o espaço entre as sobrancelhas) à noite, quando se deitar, para estimular a clarividência.

Sob o manto das estrelas,

Dia 353

Mensagem do Universo para si, que me acompanha:
Não olhes para os teus sapatos. Levanta a cabeça e vê mais além.
(Projecto 365)

Dia 351

Nota mental: nunca mais pedir comida cujo nome desconheço.
Toda a gente com pratos mexicanos fantásticos, menos eu, que me calhou o que se assemelha ao resultado final da digestão. Ug!
(Projecto 365)

Dia 349

É a Norte que espreitam os Gnomos curiosos.
A Leste que o bater de asas das Fadas levanta a brisa.
A Sul que as Salamandras dançam e seduzem.
E a Oeste que sussurram as Sereias por trás das conchas.
Depois de aprenderem isto, aprendizes de Feiticeiro, não há como perderem o Norte.
(Projecto 365)

Dia 346

O Projecto 365 mostrou-me que podemos descobrir beleza e magia na rotina do dia-a-dia. 
E foi assim que num dia frio e cinzento, olhei para um prédio desinteressante e dei por mim a sorrir no meio da rua, enquanto tirava a máquina da mala para fotografar descaradamente o apartamento de alguém que não sei quem é, mas tem muito em comum comigo. :)
(Projecto 365)

Dia 344

Dançam as chamas e ardem os troncos crepitantes. Sussurram-se encantos.
Atiram-se ervas ao fogo, que queimam e misturam-se com o fumo viajando na direcção dos céus. Levam mensagens secretas e perfumadas aos Deuses.
(Projecto 365)

Dia 339

Árvore de Natal improvisada: 
- um ramo de arbusto apanhado na rua, resultante de uma poda camarária. 
Poda. P-O-D-A.
Falta decorar.
(Projecto 365)

Dia 337

Ideia luminosa: um chapéu de palha a servir de candeeiro de parede.
Só dá para usar com lâmpadas economizadoras, que não aquecem.
(Projecto 365)

Dia 336

Querido Pai Natal,

Este ano, fui cá um diabrete, hã?... Fui, pois fui.

E aqui estou a escrever-te na mesma, porque sei que as tuas barbas não se arrepiam de espanto; antes diabrete e feliz, que anjinho e triste.
Tu entendes.

Agradeço-te muito por todos os presentes que pedi e recebi. Do fundo do coração, Pai Natal. Foste muito generoso comigo.

Se achares que mereço, este ano, gostava muito de receber:

1. Um microfone cardióide com alimentação própria, para o "Pergunte à Hazel". O programa parou porque estamos sem microfone, imagina tu;

2. Perfume Anaïs Anaïs. Ou um dos da L'Occitane. Ou uma água de colónia suave;

3. Qualquer livro do Carlos Castañeda;

4. Meias até aos joelhos. Ao contrário de toda a gente, Pai Natal, eu não me importo de receber meias. Ah, tamanho 38;

5. Um vestido antigo e romântico. Tamanho 36.

Toma lá um beijinho, Pai Natal!
(Projecto 365)

Dia 335

Para lá desta porta mora uma serpente verde que se confunde com as raízes das árvores. Fria, porém, lasciva e perigosa, observa pelo buraco da fechadura que só abre com a sua língua bifurcada, os intrusos que ousam aproximar-se.

Uivam os lobos que a serpente verde é uma mulher de cabelos ondulados e olhos profundos que vive no coração da serra com uma outra serpente, de cor vermelha. 

As duas alimentam-se uma da outra. Os seus corpos sinuosos elevam-se e entrelaçam-se formando uma dupla espiral de fogo num êxtase sublime que faz jorrar a lava das profundezas da Terra até uma constelação longínqua num outro sistema solar, unindo assim vários mundos. Ambas têm o mesmo fogo ardente no centro dos olhos, que acende velas e inflama o vinho antigo, evaporando-lhe o álcool e apurando o aroma das especiarias.

Bruxas e bruxos ao longo dos séculos têm mexido caldeirões para tentar chegar à fórmula desta união, juntando ingredientes mágicos como pó de amor, a vibração da nota mais aguda do teclado de um piano, fumo de incenso de sândalo, brilho de estrelas...
Nunca acertaram. Porque a mistura perfeita apenas os Deuses conseguem produzir.
(Projecto 365)

Dia 330

Ó gato, gato. Caramba, parece que tenho um agrafador ao fundo da cama. 
Não me voltas a morder os dedos dos pés, hã?
E eu não volto a confundir-te com o saco de água quente. 
Combinado? Combinado.
(Projecto 365)

Dia 329

As árvores falam. Comunicam com quem as consegue entender.
Aprender a linguagem das árvores é quase como aprender uma língua estrangeira.

Temos de pôr de parte as regras gramaticais da nossa língua para aprender as regras da nova língua. É um pouco assim que se passa com as árvores.

Para conseguir escutá-las, temos de começar por tomar consciência que somos pequeninos e que as árvores são grandes.

Que o mundo não é nosso, mas delas.

Temos de olhar para cima com respeito, e ver como as árvores se inclinam sobre nós a observar.

A nossa audição, agora desperta, vai ouvir a voz subtil das árvores, o bater de folhas que a aragem da noite faz cantar e sussurrar baixinho. Deixamos que esse sussurro entre em nós de tal forma que nos sentimos uma parte do Todo, um ramo da árvore.

No dia em que conseguires sentir isto, já dominas a linguagem das árvores.
Guarda bem os segredos que as árvores te contarem.
(Projecto 365)

Dia 327

Isto devia estar num Museu. 
É uma borracha que me ofereceram quando eu tinha uns... 6 anos.
Esteve sempre guardada, embrulhada no plástico protector.
E foi preciso chegar aos trinta e tal anos para me decidir a desembrulhar o plástico e usar a borracha do Pierrot. Caramba, que deprimente!
Faça o que eu digo, e não o que fiz: não guarde nada. 
Não ache que as coisas são boas demais para si. Use tudo o que tem!
Não seja uma mulher/homem de trinta e tal anos com uma borracha do Pierrot no estojo!
(Projecto 365)

Dia 326

 Não é quem acredita em magia que vive numa ilusão. É ao contrário.
Se, para si, 'magia' é só uma palavra bonita que se vê nos livros, é porque vive pela metade.
É como uma laranja que se corta ao meio. A magia é a metade mais doce e saborosa.
(Projecto 365)

Dia 324

Dorme bem, meu doce Peter Pan. Quando fechas os olhos, a tua cama transforma-se num tapete voador, que rasga os céus estrelados e viaja para a terra das Fadas e dos Elfos.
Já estás a aprender a ler. Para o ano já vais conseguir ler o que a mamã escreve.
Por isso, este post é uma mensagem que envio para o futuro, como um papel enrolado dentro de uma garrafa atirada ao mar: Amo-te, filho. Meu menino de veludo.
 (Projecto 365)

Dia 323

Só assim consigo escrever. Embriagando-me com os meus próprios pensamentos, engolindo em golfadas as emoções, soluçando vírgulas e respirando parágrafos. 
(Projecto 365)

Dia 322

A chuva fria escorre pelo chão das ruas escuras e solitárias. Parece que os Deuses estiveram à espera que todos chegassem a casa para poderem lavar o mundo, que estava cansado. Precisava de ser refrescado, ganhar um novo fôlego.

E assim foi. Abriram as comportas dos céus e enviaram a Água durante a noite.

Que lavou as ruas, purificou o Ar e alimentou a Terra. Para depois evaporar novamente com o Fogo escaldante do Sol.

Na manhã seguinte, cheirava a terra molhada e as folhas verdes das plantas reluziam. As pessoas cumprimentavam-se com genuína simpatia.

O senhor do talho cortava bifes mais generosos, o cão da D. Hermengarda não mordia o rabo do carteiro [vocês sabem lá o que dói levar uma dentada de cão no rabo!] porque estava entretido com um osso.

Os casalinhos de namorados desenhavam corações nos troncos das árvores e o Sr. Antunes dava pulos de alegria porque a verruga do queixo que o arreliou anos a fio caiu durante e noite. ahahahaha

O mundo acordou feliz, porque os Elementos estiveram em harmonia.
E o martelo de Thor, que estava prestes a destruir tudo, ficou guardado.
(Projecto 365)

Dia 321


Atravessas a ponte?

Nesta margem é seguro porque já sabes o que existe.
Na outra, espera-te o desconhecido.
O rio sussurra baixinho por entre os seixos, "anda... anda...".

Arriscas?
Se não arriscares, nunca saberás o que há do outro lado. E o rio vai rir-se de ti enquanto houver água para correr.

Olha que os rios sabem muito.
Ah, anda lá!

Pé ante pé. Isso. Eu dou-te a mão.
Não ligues aos joelhos trémulos.
Segue em frente. Só mais dois passos.
Está quase. Abre os olhos agora, chegaste ao outro lado.
Foste muito corajoso. Tens agora o mundo inteiro do outro lado do rio. Só para ti. Disfruta.
(Projecto 365)

Dia 320

As ovelhas são queridas, com o seu casaquinho de lã sempre vestido e o característico caminhar pachorrento pelos campos em busca de erva fresca.
Obedecem sempre ao pastor, como boas ovelhinhas que são. Diz-se que, se uma cai de um precipício, as outras lançam-se em seguida, pois não são muito inteligentes.
Pronto. Então é por isso que sempre fui uma ovelha ranhosa e tresmalhada.
Porque vou sempre por um caminho diferente e não sigo pastores.
Está explicado.
(Projecto 365)

Dia 319

  
Tirar as sementes de uma romã. Ora, vamos lá:
Corta-se ao meio. Depois, vira-se a metade da romã para baixo e bate-se com firmeza com uma colher de pau. Repetir o procedimento com a outra metade. Feito!
Na foto, uma metade de romã sem as sementes.
(Projecto 365)

Dia 318

De acordo com a Wikipédia, "o Tango mescla o drama, a paixão, a sexualidade e a agressividade.
O ritmo é sincopado, tem um compasso binário.

A síncope é de uma nota tocada no tempo fraco que se prolonga até um tempo forte, o que movimenta a música e desloca acentuação do ritmo."

É preciso duas pessoas para dançar o Tango.
E este vestido de veludo que está ali no cantinho do meu roupeiro. Hmm hmmm.
(Projecto 365)

Dia 317



Velhos hábitos que nunca mudam.

Marcar o livro que estou a ler com uma pena.
Prender a pena atrás da orelha quando estou a ler.
Recolocar a pena no livro quando termino de ler.
(Projecto 365)

O Amor

O Amor.

A brisa levanta algumas folhas secas, que descrevem espirais estonteantes no ar como se dançassem a música que as Fadas tocam. A Natureza mostra-se estranha e misteriosa. 
Não se ouve um pássaro, apenas um som longínquo que se assemelha ao marchar incessante de um exército de gigantes. Este som cadenciado aproxima-se cada vez mais. 

É uma tempestade terrível. E eis que os Deuses lançam relâmpagos que partem o espelho dos céus e mergulham nas profundezas da Terra, queimando tudo até ao âmago. 
O ciclone que anuncia o fim do mundo varre toda a superfície da Terra, arrancando as árvores pela raiz e desfazendo os mais sólidos rochedos em pó. 

As vozes dos pequeninos e insignificantes mortais que lançam pragas e maldições aos Deuses não se ouvem ante a grandiosidade do momento.

Os oceanos em fúria erguem-se numa única onda colossal que lambe os desertos sugando até ao último grão de areia. Os ventos ateiam os fogos que tudo devoram. 
A Água colide com o Fogo e todos os Elementos fundem-se num só. 

Toda a estrutura do planeta Terra é abanada em sucessivas explosões orgásmicas que se propagam pelo espaço e abalam a serenidade da Lua, fazem tremer os anéis de Neptuno, e todo o Universo, assim como os Universos seguintes, entram em colapso.

E chega o silêncio. A mão divina desenha a pincel um novo mundo com novas cores, novas texturas, novos cheiros. O ar fresco e puro invade os pulmões da Terra. 

A areia espalha-se criando novos desertos e a água salgada enche novos oceanos. 
Novas árvores brotam da terra fértil e o chão relvado transforma-se em veludo onde deslizam num tango interminável as duas Almas para quem os Deuses orquestraram tudo. 
O Amor é... uma catástrofe da Natureza.