O Frango de Satanás

segunda-feira, janeiro 12, 2015

Abriu há alguns meses uma churrasqueira ali na rua de cima. Desde então, deixei de sentir o perfume doce e limpo da chuva e o odor verde das árvores.

A todas as horas do dia, um intenso e persistente cheiro a frango assado espalha-se no ar, assim como um pum que se julgava inócuo e até inofensivo, mas se revelou agonizante. Um pum cujo cheiro não desaparece nunca. 

(pausa dramática)

Às oito e tal da manhã, o frango assado entra-me a voar pela janela da casa-de-banho, misturando-se atrevidamente com o vapor do meu duche de ninfa, que outrora apenas suspirava a rosas e alfazema. Já deito frango pelos olhos.

Os ventiladores da churrasqueira - ou as ventas de Satanás, como preferirem - vão ao rubro de tanto fumo vomitar ao fim-de-semana, esses dias tenebrosos em que alguém sempre exclama: "Vamos buscar um frango!"

Como se o desgraçado do frango, que está destinado a salvar o almoço tardio, fosse o Messias que vai salvar o mundo.

Mal oiço o "Vamos buscar um frango", imediatamente vejo o pobre frango espavorido a fugir rua fora de asas abertas e a cacarejar, qual personagem do filme "Fuga das Galinhas". 

Não, não vamos buscar porra de frango algum. Deixem o bicho em paz.

Mal-humorada,

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