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Dentro do meu Candeeiro mora um Fantasma


O candeeiro da minha mesa-de-cabeceira é uma antiguidade e, por isso, faz mau contacto. Todas as noites, quando o desligo, ele volta a acender-se sozinho. Eu volto a desligá-lo, e ele reacende-se. E torno a desligar, até ele acabar por aceitar que é hora de dormir. A maior parte das vezes, ele reacende-se umas sete ou oito vezes seguidas.

É assim todas as noites, nos últimos anos. Mas agora ele ficou caprichoso. Durante a madrugada, várias horas depois de o ter desligado, sou acordada pelo clarão no quarto. Abro os olhos e lá está ele, teimoso, aceso.

Tem sido sempre à mesma hora. Ele é uma antiguidade, e as antiguidades são assim.
Fazem mau contacto e têm as suas vontades e pertinências.

Só hoje reparei que ele nunca se reacende de dia. Nunca aconteceu, mesmo.
Aliás, quando o ligo de dia consigo sempre desligá-lo à primeira. Concluo que o maroto é um noctívago. Prefere brincar comigo à hora em que o Sol dorme e os mistérios e assombros tomam conta do mundo.

Podia trocar-lhe os fios e o interruptor, para que ele funcionasse como os candeeiros modernos, máquinas perfeitas e infalíveis, sem estes humores e contornos excêntricos de personalidade que assustariam muitas pessoas. Mas... eu gosto dele assim.  
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(Mantenho-vos informados, caso ele se lembre de me surpreender com novas habilidades!)

Encantada com antiguidades caprichosas,

Hazel
Cronista, Viajante no Tempo, Terapeuta, Taróloga, Tradutora, Professora.

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