O Cu dos Portugueses

Um cu infiltrado nos azulejos da minha cozinha

Os portugueses são o povo que mais expressões possui relacionadas com o cu. Deve ser por uma questão geográfica, afinal estamos no cu da Europa, e o cu torna-se fonte de inspiração, sendo usado para exemplificar todo o tipo de emoções.

Anotei a lápis no caderno-onde-escrevo-tudo as expressões sobre o cu de que me lembrei e - feita cagarolas - nunca cheguei a publicá-las. Andei com o texto do cu para cá e para lá, indecisa se publicaria ou não, acanhada (ou acunhada, permitam-me o neologismo) com receio que alguém pudesse ofender-se por ver aqui escrita a palavra c-u. Bem-entendido, qualquer assunto sobre o qual se escreva pode e vai sempre ofender alguém; isso é tão certo como o risco que separa a nádega esquerda da direita.

Em defesa do cu, porque há-de ele ser menos digno que o nariz, os cotovelos ou os dedinhos dos pés? Existe, logo merece que se escreva sobre ele sem lhe chamarmos "rabo", o termo educado que se usa para-não-parecer-mal - e que nos faz subitamente nascer uma cauda.

Ora, devo advertir, caso ninguém tenha
ainda notado, que a palavra cu se vai 
repetir inúmeras vezes ao longo deste post


Aqueles que se escandalizarem com tão pequeno, porém, não menos digno vocábulo é favor colocarem as mãos nas vossas costas e irem descendo devagar, devagarinho. Antes de chegarem às pernas, existe ali uma zona fronteiriça que é geralmente fofinha e exala odores insuportáveis de vez em quando. É o vosso cu! Também conhecido por nádegas, nalgas, bufunfo, traseiro. Agora que descobriram essa terra-de-ninguém, assumam a sua existência. 😃

O cu dos portugueses está na boca de todos, de Norte-a-Sul-e-Ilhas, e tenho a certeza que as expressões com o cu não se ficam por aqui:

De cu alçado.
Preparado para.

Andar de cu tremido.
Ir de carro.

Nascer com o cu virado para a Lua/com a Lua no cu.
Ter sorte.

Querer o cu lavado com água de malvas.
Querer tudo feito sem ter trabalho.

Ser um cu de sono.
Ser dorminhoco.

Cara de cu!
Insulto moderado, usado em tom de brincadeira.

Estar de cu apertado.
Estar preocupado, aflito.

Encher o cu.
Comer muito.

A mesma coisa é pôr dois dedos no cu e cheirar; cheira-se um, cheira-se outro, e é a mesma coisa.
Para explicar quando duas coisas são realmente iguais, e não parecidas.

Ficar com o cu na cama.
Ficar a dormir.

Não levantar o cu para fazer nada.
Ser preguiçoso.

Dar o cu e oito tostões.
Querer muito.

Custou o olho do cu.
Foi caro.

Não valer um cu.
Não ter qualquer valor.

Se não é do cu é das calças.
Se não é disto, é daquilo.

O que é que o cu tem a ver com as calças?
O que tem uma coisa que ver com a outra?

Quem tem cu tem medo.
Todos têm medo.

Roçar o cu pelas paredes.
Não fazer nada.

Cair de cu.
Cair em si.

Com o fogo no cu.
Com pressa.

Parece que saiu do cu do burro.
Tem a roupa amarrotada.

Lambe-cus.
Graxista.

No cu de Judas.
Muito longe.

Mete-o no cu!
Quando, numa zanga, não queremos saber de algo sobre o qual outra pessoa se está a gabar.

Contar com o ovo no cu da galinha.
Ter algo como garantido.

Não há cu que aguente.
Não há paciência.

Não tem cu para as calças.
Pessoa muito magra.

Não lhe cabe um feijão/uma palhinha no cu.
Está muito contente.

Tem pernas até ao cu.
Pessoa muito alta.

Quando mais uma pessoa se agacha, mais o cu se lhe aparece.
Quanto mais uma pessoa permite uma situação injusta, pior ela fica.

Pimenta no cu dos outros é refresco.
Focar-se em si mesmo sem querer saber dos outros.

És mesmo cu aberto.
Pessoa que fala demais.

Andar de cu para o ar à procura de.
Para dar ênfase ao esforço e tempo despendidos a procurar algo.

Cu-cu!
Quando estávamos escondidos e nos revelamos a alguém. A sério: Cu-cu. Só em Portugal. 

Vira cu.
Cambalhota.

Óculos cu de garrafa.
Óculos com lentes muito grossas.

Acordar de cu para o ar/ com o cu de fora.
Acordar mal-disposto.

Deram-lhe água de cu lavado.
Está enfeitiçado.

A cara de um é o cu do outro.
Quando queremos dizer que duas pessoas não são parecidas.

Andar com o cu num guilho.
Estar com medo/assustado.

É o teu cu!
Quando se repele um insulto para quem o proferiu.

O cu está em todo o lado. Mesmo. No outro dia, estava sentada sobre o meu e, quando olhei em volta, vi-me rodeada de cus, cus por todo o lado, cus à volta de toda a minha cozinha. Disfarçados de pêssegos, mas tenho a certeza que são cus (regressem à foto no topo deste post e confirmem!):


Se alguém desejar contribuir com mais expressões sobre o cu, não se acunhe em partilhar.

Sentada sobre o meu,

Hazel

O gay, a mulher do buço e o psicólogo louco


Amílcar (irmão-gémeo de Aníbal) tinha maneirismos adamados e morava na casa azul junto ao cruzamento à entrada no bairro, onde uma estátua de sereia em pedra e vários gnomos coloridos espreitavam por entre gladíolos e estrelícias no quintal. Não tinha pêlos no rosto - nem no corpo, que depilava com cera - e usava sobrancelhas perfeitamente desenhadas, inspiradas no António Calvário. Havia nutrido uma paixão pelo Elias da mercearia, com quem sonhara fugir para o Tenerife, antes dos pais o casarem rápida e convenientemente com Orquídea, que não gostava de flores e tinha um pouco de buço, mas cozinhava divinamente.

Perdia frequentemente o autocarro por preguiça de estender o braço para chamá-lo; esperava que as outras pessoas na paragem o fizessem, o que nem sempre acontecia, pois por vezes os destinos dos outros eram diferentes do seu. Teve uma loja de peúgas de homem que faliu, tornando-se contrabandista durante muitos anos. Dentro da aba do seu casaco, que abria num gesto matreiro, havia um surpreendente mostruário de navalhas ponta-e-mola, relógios suíços, pentes de osso, canetas Parker - e, para clientes de confiança, pequenos revólveres.

Com a idade, a sua Orquídea desmazelou-se (ainda mais): usava collants de lã velhos e cheios de borbotos com os elásticos da cintura relaxados que lhe escorregavam pernas abaixo. Quando pagava as compras no supermercado, depois de percorrê-lo de uma ponta à outra, já os levava pelos joelhos. Ninguém reparava porque usava sempre saias até aos pés. Não tinha amigos, com excepção da vizinha do lado, que regularmente lhe ofertava nacos de porco para os guisados de Domingo, a quem chegou a oferecer uma couve Bordallo Pinheiro.

Filipe, o filho, amigo de criação de Ricardinho que viria a tornar-se autarca, era psicólogo - enveredou pela psicologia porque sempre era uma área pacata, e podia ser que o ajudasse a perceber que lugar ocupava no mundo, pois estava convencido que tinha nascido por acidente do divino e distracção dos pais - coitus interruptus fracassado, decerto.

Vivia atormentado por um inconfessável medo: e se ele não fosse um psicólogo com uma vida comum, mas um doente psiquiátrico internado numa instituição convencido que era um psicólogo? O medo de se perder nos labirintos frágeis-e-traiçoeiros da mente era tanto que se policiava permanentemente para ter a certeza que a sua realidade era mesmo real.

Um dia, resolveu partilhar todos os seus receios com o único confidente que não o julgaria: o caderno de papel. Quando completou a última página, abandonou a profissão e tornou-se um escritor de sucesso. Os seus medos tornaram-se deliciosos enredos de thrillers psicológicos, onde surgiam por vezes referências ao canibalismo.

Filipe quebrou o ciclo de gerações de pessoas incapazes de viver as suas próprias escolhas. Amílcar, por receio de desapontar o irmão-gémeo, nunca assumiu quem era. Orquídea queria ter sido chef, mas resignou-se à vida de dona-de-casa. Ambos abdicaram de fazer escolhas, ensinando o filho pelo exemplo contrário.

O arcano Os Enamorados inspira-nos a reflectir sobre as decisões que tomamos e que podem alterar todo o curso da nossa vida. Quando fazemos uma escolha, ou abdicamos dela, para satisfazer as expectativas dos outros, estamos a carimbar o passaporte para uma vida que não é a nossa.

Hazel
Consultas em Oeiras e online

Crónica semanal publicada no Jornal O Ribatejo, edição 1612
foto: 2001photo.com

A madona das maminhas tristes


Tudo estava a cair à sua volta. O estuque no tecto da casa-de-banho, a roupa pendurada nas costas da cadeira, o copo de água que resvalou da mesa e se estilhaçou no chão, as maminhas que olhavam tristes para os pés quando desapertava o soutien para vestir o pijama-às-riscas.

Lá fora, a chuva batia nas pedras da calçada formando diferentes tons numa melodia fúnebre e descompassada que, de alguma forma inexplicável, batia certo com o ritmo descontrolado do seu coração.

As paredes brancas do corredor dos quartos pareciam duas prensas gigantes que se moviam para esmagá-la, reduzi-la a líquido, a puré. O telefone não parava de tocar. Incapaz de ouvir mais uma palavra, atirou-o contra a parede. Aquele foi o dia em que o mundo - o seu mundo - parou.

Todos tinham morrido. Uns porque faleceram, outros porque, ainda que permanecessem vivos, deixaram que lhes morresse a última gota de amor e só tinham fel para oferecer. Até uma ovelha negra se cansa de tentar explicar que o problema não é ela ser negra e as outras brancas, mas o pasto ser pouco e a estupidez muita.

Despiu-se e encheu a banheira de água quente. Deixou-se escorregar. De olhos fechados, pediu com todas as forças ao seu corpo e a Deus, se esse cretino existisse mesmo, que o coração lhe parasse de bater - porque era demasiado cobarde para se matar.

Na manhã seguinte, acordou com uma valente constipação acompanhada de uma humilhante crise de hemorróidas que saltavam espavoridas quando os acessos de tosse lhe fustigavam todas as cavidades do corpo. O coração continuava a bater, ainda que desordenadamente, como se tivesse leões a correr dentro do peito. Mas a dor da alma parecia já um pouco mais branda.

Dentro daquela casa onde morava a solidão e a loucura, longe do mundo e dos seus habitantes, conseguiu acabar por curar as feridas de um coração despedaçado e atormentado. Durante muito tempo, ninguém soube o seu paradeiro - nem ela própria.

Às vezes, tudo o que nos resta fazer é esperar, e deixar que o planeta continue a girar sobre si mesmo; ver os nasceres e pôres do Sol sucederem-se até acabarmos por perceber o sentido da vida, a grande mensagem cósmica, o mistério dos mistérios: o mundo está-se nas tintas para nós. De tão insignificantes que somos.

Colocou a cafeteira ao lume com água e chá de folhas de verbena para espantar a tristeza, e decidiu que já chegava. Como um longo resfriado que finalmente se consegue curar, também a mágoa ficou sanada. Estava pronta para partir. De malas feitas, alma lavada e maminhas arrebitadas, mudou de casa, de nome e de vida.

Esta semana, o arcano quatro de espadas inspira-nos a abrandar a velocidade e a afastar-nos para observar o mundo à distância, sempre que sentirmos que precisamos de um tempo para nós. Não necessitamos de viajar para Marte; podemos fazê-lo mesmo enquanto cumprimos as nossas responsabilidades, concentrando-nos em manter o silêncio exterior e interior e voltando-nos para dentro - de forma a ouvir a voz dos nossos próprios pensamentos.

Hazel
Consultas em Oeiras e online
Email: casa.claridade@gmail.com
Crónica semanal publicada no Jornal O Ribatejo, edição 1609
foto: Lee Price

Bigodinho Retorcido e Olhos Malandros



Uma gota de água gelada escorria lentamente ao longo do copo alto de vidro.
Aníbal, de bigode negro retorcido, ria-se com gosto e semicerrava os olhos de mafarrico com as piadas atrevidas da menina Ivone; baixinha, roliça, de vestido rodado com flores estampadas e cabelo castanho, era a graça em pessoa.

Ai menina Ivone, menina Ivone, você tira-me do sério, ronronava Aníbal. Ela ria-se.
As velhinhas na mesa ao lado abanavam os leques com indignação ante a pouca-vergonha que ali ia, aos olhos de todos, espalhando no ar uma nuvem de cheiro a naftalina e a perfume que já passou o prazo de validade.

Os dois cubos de gelo ficaram a dançar em espirais no copo de Ginger Ale, bebido até meio. De mão dada e passo apressado, Aníbal do bigodinho retorcido e a menina Ivone saíram sem olhar para trás, movidos pelo arrebatamento que urge ser saciado.

Um dos leques inquisidores caiu ao chão, fazendo o empregado tropeçar quando se aproximou da mesa para conferir se a conta foi paga. As marcas de batom rosa-quente riam-se provocadoras no guardanapo abandonado.

Ai Aníbal. Ai menina Ivone. Os ais sucediam-se à medida que a roupa lhes ia desaparecendo dos corpos e os dois se entrelaçavam no sofá da sala, aconchegados pela colcha de patchwork onde se manteve enroscado o gato Tareco, que viu, aos solavancos, tudo o que a natureza tem de mais cru, belo e escandaloso.

O candeeiro no tecto da vizinha de baixo, viúva e muito religiosa, dançava de um lado para o outro. Benzeu-se enquanto suspirou de saudades do falecido, que nunca lhe faltou nos deveres matrimoniais, apesar de ter a mania das limpezas e uma obsessão por números ímpares. Sabia a abençoada senhora que era sempre uma, três ou, em dias de festa, cinco vezes.

No andar de cima, o vestido da menina Ivone havia voado sobre o abat-jour de franjas, as calças de Aníbal jaziam no chão e os dois tinham percorrido todo o glorioso caminho desde a entrada até às catacumbas da existência humana.

— Sai da frente! Olha para este, deve ter a mania que é taxista em Lisboa.
— Com licença, deixem passar, se faz favor.
— Olha lá, eu estava primeiro, julgas que és mais esperto que os outros?

O espermatozóide mais rápido passou à frente de todos porque não parou para perder tempo a discutir.

Trinta anos depois, Frederico — Fred para os amigos — o espermatozoide-feito-homem, dirigia o seu próprio negócio, uma startup hipster na área das telecomunicações.

Aníbal deixara de usar bigode, mas mantinha o mesmo olhar malandro. A menina Ivone, agora de cabelo grisalho e curto, passava as tardes a fazer colchas de patchwork que vendia nas feiras de artesanato por bom dinheiro. Todos eles foram o espermatozóide mais veloz, o vitorioso.

O arcano Seis de Paus recorda-nos o mais simples e bem guardado segredo para vencer todos os problemas, batalhas e corridas: não perder tempo a discutir ninharias. Seguir sempre em frente. Nunca olhar para trás.

Hazel
Consultas em Cascais, Oeiras e online

Crónica semanal publicada no Jornal O Ribatejo, edição 1608
foto: Nat Farbman

Perna de Porco com Batatas


À primeira vista, todas as famílias pareciam equilibradas; sem escândalos, tragédias ou histórias que apenas pudessem ser contadas com voz baixa e olhares furtivos. Nesta farsa sem acordo estabelecido, todos eram coniventes, fingindo acreditar no verniz de normalidade que pintava a vida de uns e de outros. Cada qual sabia das suas vergonhas e lamentos; raros eram os que perdiam o controlo do seu teatro de fantoches onde as roupas assentavam sempre bem e os gatinhos dormiam placidamente à janela.

Com esmero de dona-de-casa caprichada, compunha o napperon de renda branca sobre a tampa da arca congeladora e pousava a couve de loiça Bordallo Pinheiro, lascada mas digna, onde guardava os rebuçados da tosse.

Era uma arca com alguns anos, daquelas horizontais, espaçosas. Postas de pescada para fritar, dois frangos criados pela vizinha do lado, pá de porco, língua de vaca, entrecosto, rissóis de camarão, perna de perú e mais de um terço do marido cortado aos pedaços - embalado em sacos de plástico. Há mais de dois anos que o falecido tinha refrescado as ideias para a eternidade, agora aconchegadas por um pacote de ervilhas congeladas.

Tinha sido um homem rude, grosseiro, de poucas falas e nenhum amigo que lhe sentisse a falta. A moldura com a sua fotografia a-preto-e-branco, de sobrolho franzido e o fato dos funerais vestido, continuava na credência da entrada, como se estivesse a observar tudo.

Em casa, longe dos olhares da vizinhança, costumava descarregar a dor abafada de uma infância desprovida de calor humano na Dona Idalina, que andava sempre de meias até aos joelhos e manga comprida para esconder as marcas. Num desacato que foi longe demais, uma frigideira de ferro voou com a força de muitos anos de revolta silenciada. Parecia obra do Diabo.

Chegou, por macabro engano, a dar um pedaço da coxa do marido à vizinha do lado, como retribuição pelos frangos que de vez em quando lhe oferecia. Esta fez um inolvidável guisado para o almoço de Domingo que toda a família lambeu em menos de nada. Enquanto ensopavam o pão no molho, comentavam: “Há anos que não vejo o Júlio, uma besta daquelas nem merece a mulher que tem.”

Amiga dos gatos abandonados que alimentou toda a vida, frequentadora assídua das missas semanais - quiçá com secretamente culpada devoção - sempre com um conselho de culinária a partilhar com as vizinhas na mercearia, a boa senhora esteve sempre acima de qualquer suspeita. Nunca foi descoberta. A arca congeladora sobreviveu-lhe, assim como a prova do seu crime com que pacientemente conviveu durante mais de vinte anos.

O segredo foi desvendado após o seu falecimento, por idade avançada, pela senhoria, quando desocupou a casa para fazer obras na cozinha. A moldura com a foto do finado caiu ao chão e o vidro estilhaçou-se quando os gritos de horror ressoaram pela casa. Ainda assim, a Dona Idalina foi sempre recordada com saudade e amizade, não só pelos vizinhos, como pelos gatos da rua que durante anos foram alimentados com deliciosas papinhas de carne picada.

O arcano A Sacerdotisa incita-nos a apurar a sensibilidade intuitiva e procurar ver para além das aparências. Por detrás da capa da normalidade, por vezes escondem-se os mais inesperados segredos. E todos os temos.

Hazel
Consultas em Cascais, Oeiras e online
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Crónica semanal publicada no Jornal O Ribatejo, edição 1607