Conversar com árvores


Foi num Equinócio de Outono que me tornei amiga de uma árvore. Numa pequena mata com várias árvores e arbustos, encontrei uma área onde o chão está coberto por um grande quadrado de cimento, talvez despejado dos restos de uma obra. O cimento rachou e, de dentro da fenda, nasceu um loureiro.

Solitário e inacessível como um náufrago que habita uma ilha de cimento, observa ao longe a dança entrelaçada de todas as outras árvores ao compasso do vento.

Suspendi-me no tempo, em contemplação, sob o Sol profético de Setembro, encantada na beleza e no verde perfume das suas folhas. Sussurravam ecos do êxtase pítico, evolados pelos fumos apolíneos de Delphi.

Que intrigante ironia das tramas do destino, a do tenaz loureiro emergir das profundezas da terra justamente na fenda do cimento, assim como a Sacerdotisa mediava no Oráculo, sentada na trípode sobre a fenda de onde a serpente exalava os vapores sagrados.

O loureiro olhou-me de volta com os seus olhos verdes de clorofila e reconhecemo-nos um no outro. Disse-me para jamais esquecer que uma árvore nasce de uma semente e cria as suas próprias raízes, onde se deve apoiar, erguendo-se alta e plena de si. É esse o caminho do Sol, apontaram os seus ramos, que se trilha com perseverança, graça e verticalidade. Uma árvore nunca desiste. Tudo vê, tudo ouve, tudo sabe — e nada a perturba.

Com a permissão de Dafne e Apolo, trouxe alguns dos seus ramos para casa. Ocasionalmente, queimo uma folha, em honra da sábia serpente que ascende em espirais de fumo até àquele lugar por onde viajam na carruagem de Apolo os que conversam com árvores e ainda crêem que os Deuses vivem.

Sob os ramos do loureiro,

Hazel

Ilusão Intemporal


















Há tempo para tudo, mesmo quando não temos tempo para nada.
Há tempo para rir, quando há tempo para chorar.
Tempo para arriscar, quando há tempo para sonhar.
Tempo para amar, quando há tempo para ralhar.

Tempo para calar, quando há tempo para falar.
E o contrário também.

Tempo para ver o tempo passar, quando há tempo para andar em contratempo.
Tempo para dançar, quando há tempo para lamentar.
Tempo para esquecer, quando há tempo para lembrar.
E o contrário também.

Só não há tempo para viver, quando é tempo de morrer.

A mulher que guardou o Verão em frascos de vidro


Bastava que um delicado fio de Sol lhe incidisse nos olhos castanhos para revelar a chama alaranjada de ágata de fogo que se escondia no fundo da sua alma. Tinha as fogueiras, as danças e os ritos de Beltane dentro de si, sob a insuspeitada e enigmática serenidade do cisne branco que desliza sobre um espelho de água.

O sopro dos Invernos fazia esta luz tremeluzir como uma vela que ameaça extinguir-se, mergulhada na melancolia dos dias escuros. A chegada da nostalgia dos dias frios era como um casaco cinzento de malha fina e gasta, ensopado pela chuva, que se cola à alma e a gela.

Decidiu que a tristeza peganhenta e invernosa não iria mais agarrá-la. Essa velha traiçoeira de dedos longos e ossudos não voltaria a apanhá-la desprevenida. As ágatas de fogo iriam reluzir nos seus olhos ao longo de todo o Inverno. Podemos ser felizes para sempre, sim. Como nas histórias. É só querer. Querer muito, e nunca parar de querer, aconteça o que acontecer. E ela queria-o em cada célula do seu corpo.

Então, passou o Verão inteiro a armazenar partículas de ar quente e feliz dentro de frascos de vidro. Sempre que queria preservar um momento de alegria acabado de viver, abria um frasco, movimentava-o à sua frente traçando uma lemniscata, e fechava-o de imediato, aprisionando aquele ar doce e frutado. Às vezes, guardava gargalhadas que pareciam não ter fim dentro de frascos onde colava o rótulo "Euforia".

Acumulou vários frascos de vidro ao longo de um Verão pleno de dias felizes, que etiquetou cuidadosamente e armazenou num baú de madeira de cedro, para quando viesse o Inverno.

As pessoas viam os frascos vazios a entrarem naquele baú e comentavam entre si que era louca, por achar que podia guardar o Verão dentro deles. Excêntrico. Absurdo.

Os dias frios chegaram e, com eles, começou a sentir ao longe o passo arrastado da velha traiçoeira que ameaçava entrar sorrateiramente com o vento frio que uiva pelas frinchas das janelas. "Já estava à tua espera", disse ela.

A tampa do baú rangeu ao ser levantada pelas suas mãos sábias, que abriram os frascos todos, um por um. Gotas de transpiração escorreram-lhe na parte de trás do pescoço.

Torrentes de luz brotavam, queimando-lhe a pele. As labaredas das ágatas de fogo dançavam nos seus olhos. Ouviam-se gargalhadas, vozes alegres e desconcertantes, o bater das asas de pássaros, o som do mar, o sopro do vento que corre as searas...

Foi o Inverno mais quente de sempre. E o mais feliz.

A destapar frascos de vidro,

Hazel

Viver em Apartamento: Como Ser um Bom Vizinho

Este post escreveu-se mentalmente na minha cabeça durante a madrugada de 6ª feira, enquanto os vizinhos de cima arrastavam móveis de forma descontrolada, como se estivessem a jogar xadrez com sofás, cadeiras e cómodas gigantes.

Admito que posso ter tido alguns pensamentos homicidas. E desculpo-me a mim mesma pelas torturas medievais que me imaginei a submetê-los, porque eu sou uma flor de vizinha e não mereço ser privada do meu sono.

Há algumas regras de educação e bom-senso para que seja possível viver de forma salutar e satisfatória num prédio. Procuro cumpri-las todas.

Não posso dizer que nunca falhei, mas, se o fiz, foi acidental, e jamais por não me importar com a paz alheia (OK!, excepto na adolescência, quando ficava sozinha em casa e aumentava o volume da música. Mas era boa música. Foram os anos '80, estou ilibada de culpa?)

Então, e o que é isso de ser um Bom Vizinho?
Um Bom Vizinho é quase uma espécie de super-herói pachola. Três vivas aos bons vizinhos. Três? Não, dez vivas, que eles merecem.

Um Bom Vizinho nunca...
(podeis imprimir isto, Senhores, e colar nas paredes dos prédios por este mundo fora!)

... deixa que a roupa estendida fique a tapar a janela dos vizinhos de baixo (p. ex.: lençóis grandes), nem estende roupa que não foi torcida/centrifugada e fica a escorrer água para os outros estendais;

... faz sardinhadas ou grelhados na varanda/janela, que ficam a encher a casa dos outros vizinhos de fumo e cheiro intenso;

... arrasta móveis à noite;

... martela ou faz furos com berbequim num Domingo de manhã cedo. É um clássico, em todos os prédios tem de haver um chato que esburaca paredes nas manhãs de Domingo;

... deixa o saco do lixo à porta de casa, nas escadas comuns;

... anda de sapatos de salto alto dentro de casa;

... permite que as visitas façam barulho que incomode os vizinhos;

... põe música alta, ou toca instrumentos musicais alto;

... atira com cinza, beatas de cigarro ou outro lixo para a varanda dos vizinhos de baixo;

... sacode tapetes para cima da roupa estendida dos vizinhos, ou quando estes têm as janelas abertas. Pode sempre pedir-lhes antes que fechem as janelas por uns minutos;

... tem a cama de casal mal aparafusada. If you know what I mean, ninguém quer ouvir, ninguém quer saber e, pior, ninguém quer imaginar;

... deixa que o seu cão passe o dia ou a noite inteira a ladrar;

... leva o cão para fazer as necessidades em frente à entrada do prédio dos outros. Ou do próprio prédio onde mora;

... estaciona ocupando dois lugares de estacionamento.

Não é assim tão difícil preservar o bem-estar dos outros, da mesma forma que gostamos que preservem o nosso. São as pequenas cortesias que sustentam as estruturas para um mundo melhor.

Uma flor de vizinha,

Hazel

Duelo na janela da minha casa-de-banho

Na janela junto à minha banheira mora uma aranha que trabalha no mercado imobiliário. Está a expandir a sua propriedade a olhos vistos, com os lucros provenientes dos bilhetes de entrada que cobra aos insectos que lá caem, no engodo de me verem a tomar duche.

Esta semana, enquanto eu esperava que o condicionador fizesse o efeito-que-promete naqueles 3 minutos de ilusão-de-um-cabelo-melhor, um melgão com atitude de cafajeste resolveu entrar sem pedir licença e invadir os domínios da Aranha-Gorda. 

Pousou na janela como um cowboy que entra num saloon onde sabe que vai ser matar-ou-morrer. Lançou um olhar provocador e cuspiu para o chão (que é como quem diz, para a janela). A Aranha-Gorda rosnou. A janela é dela, a banheira é dela e eu sou dela (?). 

Trocaram insultos, ameaças e olhares de desprezo. E eu ali, como vim ao mundo, a única testemunha daquele momento BBC Vida Selvagem.

Num segundo, tirei o condicionador do cabelo, enrolei-me numa toalha e fui a chapinhar pelo chão da casa toda em busca de uma máquina fotográfica.

Aquilo que aconteceu ficou registado para sempre na memória de todos os insectos. 
Depois deste duelo, a Aranha-Gorda vai passar fome, porque nunca mais nenhum bicho com asas, patas e amor à vida voltará a aproximar-se desta janela.

Seguem as imagens, que, aviso, são terrivelmente violentas:

O desafio do Melgão-Cafajeste.

Atitude "badass". É agora que desatam à chapada uma à outra.
A mutilação
O triunfo da Aranha-Gorda.
É assim que se resolvem as coisas na janela da minha casa-de-banho. 

Não é uma montagem - a aranha realmente arrancou a pata do melgão. 

É inegável que esta aranha é uma durona, uma rufia. Hoje mesmo, depois de umas 50 sequências de flexões, pediu-me um bife em sangue com batatas fritas. Só me resta perguntar: "As batatas, são em cubos, ou aos palitos?"

A tremer por todos os lados,

Hazel

A Bruxarada toda!

A todos os que acompanham a Casa Claridade... um maravilhoso Samhain!
Esta é, para mim, a celebração maaaaais feliz!

As minhas Bruxas estão completamente doidas, desvairadas, numa fona (sim, f-o-n-a, estavam a ler o quê?) com os preparativos para a noite mais mágica do ano.

Foi um caso bicudo para conseguir fotografá-las. São esquivas e caprichosas, mas lá as convenci a apresentarem-se ao mundo. Algumas, já são vossas conhecidas, afinal, são velhas companheiras, e já apareceram em posts mais antigos. 

Então, preparem-se, pois elas são muitas, e cada uma tem a sua personalidade. 
Da Casa Claridade para o mundo: 



Balbina das Magnólias Podres

A Balbina é uma alcoviteira. Sempre com novidades do mundo da bruxaria, encontramo-la pelas esquinas a espreitar quem passa.

Não é particularmente hábil com as poções mágicas. Um dia, usou magnólias podres na dose errada, e ficou com erisipela no rosto.

As outras Bruxas chamam-lhe "Isirpela" para a arreliarem. A Balbina detesta.

Gosta de cantar enquanto varre o ar.
Inventa poemas que nunca rimam.
E cheira sempre a magnólias podres...






Perpétua

A Perpétua veio da Roménia, numa carroça puxada por duas mulas teimosas. Perdeu-se muitas vezes no caminho. Ficou sem dentes na viagem.

Tem uma voz cavernosa e fala de assobio.
Resmungona, mas uma Bruxa fiel.
Todas as outras Bruxas têm medo dela.

Vive na minha cozinha, onde dá largas ao seu enorme talento para fazer sopa de urtigas.
Um dia, caiu-lhe uma verruga do nariz para a sopa. Estava deliciosa.


Hazel

Pois é verdade, esta Bruxa tem o meu nome e é mesmo uma réplica desta vossa escriba.

Foi criada pela artesã brasileira Andrea Albernaz há alguns anos, e esta Hazel foi-me gentilmente oferecida pela Andrea, que teve várias encomendas de "Hazels". Senti-me muito amada quando recebi várias fotos de pessoas com a sua Hazel. Oh doçura!

A Hazel é uma Bruxa muito talentosa, claaaaaro, e voa sempre em grande estilo, rasgando os céus de pé sobre a sua vassoura. A-ha!






Quitéria, a Sinistra

A Quitéria foi um presente da Lieve Tobback. É a minha leal guardiã da porta de casa. Todos os que entram passam antes pelos filtros da Quitéria.

Silenciosa e enigmática, nunca ninguém lhe ouviu uma palavra.


Dona Violeta

A Dona Violeta é a Bruxa-Mor. A chefona!

Tem sempre os bolsos cheios de ervas acabadas de colher. Não há problema algum que ela não resolva com uma mistura de ervas, o que faz dela a conselheira de todas as Bruxas iniciantes.

Ri-se sozinha durante a madrugada, suponho eu, que seja durante as reuniões com as suas comparsas.


Anastácia

A Anastácia foi um presente da Carla Fonseca.
Está sempre à janela, de vassoura na mão, a guardar os céus. É uma espécie de caça F-16.

Dorme com um olho fechado e outro aberto.
Está sempre com soluços.

Gosta demasiado de vinho tinto, e os seus vôos são em ziguezagues, contudo, acaba sempre por caçar qualquer objecto-voador-não-identificado que se aproxime do perímetro de segurança. Grande Anastácia!



Marcela 

A Marcela também foi um presente da Andrea Albernaz. Veio do Brasil.

Poderia ser considerada a Miss Simpatia das Bruxas. A sua especialidade é a doçaria.

Vive em permanente festa e oferece doces açucarados a todos os que se aproximam.

Adora morder os dedos das crianças.


Ludovina, a Velhaca

A Ludovina está junto da minha secretária, para que eu a mantenha debaixo de olho.

Faz muitas travessuras, por isso, tem o cognome "A Velhaca". Sempre que desaparecem as chaves ou qualquer outro objecto, já sabemos que há dedo ossudo da Ludovina no assunto!

É prima em segundo grau da Perpétua.



E finalmente chegámos ao fim! Ficou por fotografar a Rufina-Turbina, que é a Bruxa que anda comigo no carro, porque saiu para apanhar sapos. Fica para a próxima!

Em nome de todas nós, Feliz Samhain a todos!

No concílio das Bruxas,

Como lidar com trolls


"Troll" é um termo que se utiliza na internet para designar pessoas cobardes que, escondidas atrás dos computadores, deixam continuamente comentários negativos, insultuosos ou mesmo ameaçadores nas páginas de outras pessoas ou instituições.

Quem tem alguma exposição pública, inevitavelmente, acaba por atrair estas criaturas, que procuram, a todo o custo, causar incómodo, perturbar, magoar, humilhar e/ou desmotivar o alvo, com a sua "trollice".

E, assim, parasitam a página alheia, sempre com comentários que tanto revelam sobre as suas próprias frustrações.

Imagine-se, por exemplo, mulheres que trollam páginas de outras mulheres, movidas pela inveja da sua aparência, do seu reconhecimento, da sua casa, do que calha.

Ou os homens que trollam páginas de mulheres bonitas, insultando a sua inteligência, a sua feminilidade, e procurando desesperadamente reduzi-las ao objecto sexual que eles, coitadinhos, tanto adorariam ter para satisfazer a sua pilinha mirradinha e amarelada pelo excesso de onanismo.

Então, o que fazer para lidar com trolls?

1. Responder-lhes? Por vezes, movidos pelo impulso, podemos sentir-nos tentados a responder para insultar de volta ou chamá-los à razão. Não é uma boa ideia.
O troll, que, como um fedelho mimado e malcriado, tanto desespera por atenção, vai sentir que causou alguma espécie de reacção, e vai voltar à carga. Vai querer mais.

2. Mudar de URL? Desistir de ter página na internet? Nunca devemos fugir de um troll, seria como encolher-nos num canto escuro, subjugados por um cobarde flácido e feio que se esconde atrás de um computador. Lembrem-se: um troll é um verme, um parasita. Nós não temos problema algum, o imberbe é que tem. E grave, pois um troll que exerce bullying sobre outras pessoas, não passa de um perfeito estúpido. Até uma ténia tem mais dignidade.

3. Consultar a localização do IP do troll? Isto é uma boa opção. Ficamos a saber onde é que o troll mora. Se quisermos mesmo conhecê-lo pessoalmente. Ou enviar uns amigos musculados para fazer uma visita à sua caverna onanista e oferecer-lhe os nossos cumprimentos.
É sempre uma opção a considerar, embora, naturalmente, devemos ser pela paz até onde nos permitem ser. Ora, isto remete-me a velhas memórias da adolescência:

Quando andava na escola, lidei com dois bullies por volta do 9º ano. Um deles, chamava-se João Ricardo C. R.. Entrou na minha escola a meio do ano lectivo, porque tinha sido expulso de outra escola. Passava as aulas a dormir e, sempre que eu passava, gozava comigo. Desistiu da escola, antes do ano lectivo ter terminado. Portanto, um desistente.

O outro bully chamava-se David. Tinha-me esquecido do David, mas há pouco lembrei-me dele. O David gozava sempre comigo nas aulas de trabalhos oficinais. Toda a gente se ria. Um dia, já farta de tudo e de todos, em plena aula, dei-lhe uma chapada. Ele deu-me outra.

Completamente indignada por tanto desaforo, dei-lhe um soco e o David ficou agarrado à cara. Toda a gente se riu dele. O professor fingiu que não viu. O David nunca mais me incomodou. Não lhe guardo ressentimento. Se o visse hoje, de bom grado o cumprimentaria.

Já o João Ricardo, ficou sempre aquela sensação de que um dia haveria de ajustar contas com ele, agora que sou adulta e sei dar uns valentes socos (ainda melhores que antigamente). Mas também sei ouvir pedidos de desculpas, claro. Bom, voltemos ao post:

4. Ignorar o troll? Esta é, naturalmente, a opção mais sensata. Como se diz na internet: "Do not feed the trolls." No entanto, sejamos realistas: um troll é como o herpes. Ele vai sempre voltar. E quanto mais nós brilharmos, mais ele vai rastejar atrás de nós. Como uma sombra anda sempre atrás da luz. Mas uma sombra nunca passará daquilo que é: nada.

5. Escrever um post sobre como lidar com trolls? Esta é uma opção que vai espicaçar e enfurecer o troll, especialmente se lhe chamarmos nomes e gozarmos com ele. É que sempre que ele voltar à nossa página para esmiuçar que novidades temos, irá encontrar lá as palavras "verme", "cobarde", "parasita", "estúpido" e outras ternuras referindo-se a ele.

Isso dá-nos um prazer especial,  uma sensação de conforto. Ai que bem que sabe.

No fundo, tanto nós como o trollzito sabemos que, embora ele se arraste anónima e cobardemente atrás de nós, porque a sua microscópica dimensão testiculária não lhe permite interpelar uma mulher como os homens a sério o fazem, só lhe resta mesmo arrastar-se, e desdenhar daquilo que ele sabe que jamais poderá alcançar.

A cantar "tróll-lá-lá",

Hazel

Escrever sobre escrever


Escrever não pode ser forçado. Deve ser um exercício leve, que se faz ao correr da pena, como se esta fosse uma extensão das nossas asas que voam pelos céus de papel.

Por vezes, passam vários dias sem que eu escreva. Porque não tenho tempo. Ou porque estou demasiado cansada, ou sem paciência. Mas quando volto a este momento mágico, regresso inteira, completa, e entrego-me assim, nesta nudez sem máscaras nem artifícios como uma ninfa que se rende à consumação do seu primeiro amor.

A escrita tem qualquer coisa de sexual. Os parágrafos são pequenos silêncios fundamentais para repousar e ganhar fôlego para mais; e para que quem está a ler possa respirar mentalmente entre frases. É preciso fazer amor com as palavras, senti-las a gotejar, doces como mel, ou amargas como uma semente de limão que trincámos por acidente e deixou um gosto amargo na ponta da língua.

Quando chega o desejo, o torpor que me leva a abrir uma página em branco e despejar as palavras assim todas de um só jorro como um turbilhão de água fresca acabada de brotar da fonte, sinto uma fragilidade e uma força titânica em simultâneo. Pequena e insignificante como um singelo ponto em cima da letra i, e, todavia, incomensurável como todas as palavras escritas desde que o Verbo foi pronunciado pela primeira vez no mundo.

Sem saber para onde as palavras me levam, sem nada fazer para conter ou controlar o seu serpentear, deixo-as simplesmente escorrer enquanto eu própria me liquefaço com este fluxo de energia que passa através de mim e segue sem destino.

É estar perdidamente apaixonada. O que é isso, perdidamente apaixonada, ponto de interrogação. Não é senão um estado de entrega, de mergulho no vazio-que-tudo-pode-ser-e-por-isso-nada-é, sem que nada me possa impedir ou impelir. E, assim, entrar em pleno vôo.

Perdidamente, mas nem por isso perdida. Pelo contrário, lúcida e em perfeita harmonia com o meu âmago. Perdidamente apaixonada pelas palavras, os delicados espacinhos que as separam, as vírgulas que marcam o ritmo, as enigmáticas e, por vezes, sedutoras reticências... também pelo ponto e vírgula; este velho cavalheiro de casaco empoeirado que já quase ninguém se lembra de utilizar. E os dramáticos pontos de exclamação, oh!

As palavras são como uma mistura equilibrada e fluida de tinta de óleo com essência de terebentina que se arrumam entre si com outras cores e tonalidades, pinceladas numa tela branca. Todas as possibilidades do mundo.

E, da mesma forma que um quadro nunca está concluído, porque há sempre um rabisco que o pintor demasiado crítico de si mesmo acha que deve acrescentar, também um texto nunca se considera verdadeiramente terminado. Embora, claro, o êxtase desta relação sexual, marcado pelo ponto final, indique ao leitor que chegou ao fim.

Abre parêntesis. A verdade é que o fim nunca existe, trata-se apenas de um mudar de agulhas. As palavras escritas dão lugar, a partir de ora, às flutuantes e hipnóticas palavras pensadas. Fecha parêntesis.

Ponto final. 

Hazel

Pipocas & Cinema (receita das pipocas incluída)!


Se ainda não tem planos para logo à noite, a minha sugestão é... P.C.!
Que é como quem diz... Pipocas & Cinema!

Um pacote de milho para pipocas custa cerca de 0,32€ no supermercado, e é tudo o que precisa de gastar para uma noite de loucura.

E porque ainda há pessoas no mundo que não conseguem fazer pipocas sem queimar o fundo da panela (calma, eu já fui uma delas!), as instruções detalhadas:

Ingredientes: 2 colheres de sopa de óleo + 1 chávena de chá de milho para pipocas

1. Colocar uma panela com o óleo e o milho, tapada, em lume brando;
2. Abanar a panela de vez em quando, para que as pipocas não queimem e para que o milho que ficou em cima se espalhe pelo fundo;
3. Quando as pipocas pararem de saltitar, desligar o lume. Acrescentar açúcar, se quiser.

E o Cinema? Aqui vão 3 filmes que podem ver (ou rever) - grátis! - no youtube:

O Monte dos Vendavais
Protegida por um Anjo
O Santuário - terror

Saí para comprar milho,

Hazel


Vinagre dos Quatro Ladrões

O Vinagre dos 4 Ladrões é um preparado que teve origens na Baixa Idade Média, durante o tenebroso período da Peste Negra na Europa.

Cerca de um terço da população europeia foi colhida pela foice implacável da morte. Naturalmente, supunha-se que a Peste era obra do Diabo!

Contudo, havia um grupo de quatro ladrões que tinham a audácia de invadir as casas dos moribundos, e roubar tudo o que queriam, permanecendo, de uma forma sobrenatural, imunes à epidemia.

Quando foram presos, revelaram no julgamento que o segredo para conseguirem escapar da Peste era uma poção mágica que tinha como base o vinagre, ervas sagradas maceradas, assim como outras substâncias, e era confeccionado com orações, cumprindo toda uma ritualística secreta. 

Os ladrões lavavam-se com a poção mágica para manter a imunidade contra todos os males, permanecendo, assim, intocados pela Peste. Sabemos agora, à luz da ciência, que muitas das ervas que entram na composição são desinfectantes e repelentes naturais de parasitas e outros agentes transmissores de doenças.

Todavia, prevalece uma aura de misticismo em torno do Vinagre dos 4 Ladrões, que, não obstante o seu valor enquanto desinfectante, foi pelo seu valor mágico que continuou, ao longo dos séculos e até aos dias de hoje a ser utilizado para protecção contra todo o tipo de malefícios: doenças, azar, inveja, mau-olhado, magia negra, energias obsessoras, trabalhos de feitiçaria, perigos, etc..

Beijos mágicos,

Hazel

"Farta de tudo"



Estou a ouvir lá fora na rua uma mulher de meia-idade a gritar que está farta de tudo. Está louca da vida.

Deuses me protejam, que estou quase a caminho dos 40.

Hihihi... glup!

Exercício contemplativo para a Paz Interior


Levantar ligeiramente o queixo e descer um pouco as pálpebras, alinhando os olhos com o horizonte largo e luminoso. 

Descobrir que o horizonte também está dentro dos nossos olhos, que se enchem de claridade e a espalham por todo o interior do nosso corpo, como se fosse uma casa de janelas amplas e cortinas abertas a receber a luz da manhã.

Só hoje percebi o quão profundo e apaziguador pode ser contemplar o horizonte.

Entendi que não basta contemplá-lo só pela beleza, mas ajustar os nossos olhos a ele e depois descobri-lo inteiro dentro de nós.

Nesse momento, o ponteiro descontrolado da nossa bússola interna alinha-se com o Norte, revelando-nos todas as outras direcções e mostrando-nos que estamos no momento certo, no lugar certo, a fazer aquilo que nos propusemos fazer. Todas as respostas estão dentro de nós, no entanto, só conseguimos vê-las quando nos sintonizamos com o Universo... e connosco.

Em contemplação,

Estar no mundo, mas não lhe pertencer


Ser mulher é muito difícil.
Se sou simpática e sorridente, julgam-me subserviente.
Se fico séria, julgam-me arrogante.
Se visto uma roupa com decote, julgam-me provocadora.
Se me tapar muito, julgam-me puritana.

[Estive quase para terminar cada uma das frases anteriores com a palavra "bardamerda", assim:
Se sou simpática e sorridente, julgam-me subserviente. Bardamerda.
Se fico séria, julgam-me arrogante. Bardamerda.
Se visto uma roupa com decote, julgam-me provocadora. Bardamerda.
Se me tapar muito, julgam-me puritana. Bardamerda.]

Com o passar dos anos, o mundo começou a querer impôr outras exigências. [Bardamerda?]

Aos 37 anos, o mundo estranha que eu tenha o cabelo tão comprido.
E, pior, que o use sempre solto.

Já era o momento para cortá-lo e encaixar-me, assim, na formatação da mulher que se aproxima da meia-idade e, portanto, precisa de ser prática e deixar-se de romantismos e idealismos.

Aos 37 anos, o mundo estranha que eu continue a rir-me e mantenha a delicadeza que sempre me caracterizou. Já era tempo de me tornar mais sisuda, mais pesada.

Aos 37 anos, o mundo, que tanta necessidade tem de catalogar as pessoas, fica confuso comigo, não sabe onde me colocar, porque não sou igual às outras mulheres da minha idade. Em todas as idades por que passei, sempre fui a peça de puzzle que não encaixava em puzzle algum.

Quando entrei na idade adulta, tentei ser igual aos outros, tentei ser o que o mundo esperava que eu fosse, castrando os meus próprios sonhos e ambições. Não fui feliz.

Porque eu não era eu. Levei muitos anos até perceber que, para ser feliz, tenho de ser eu mesma; diferente, rebelde, incompreendida e incompreensível. Injustificada e injustificável. Amada, mal-amada, criticada ou elogiada. Mas eu, sempre eu.

Por isso, rio-me na cara do mundo quando este me olha com estranheza.
E nada digo, porque não preciso de explicar-me a esse monstro abstracto, essa sombra das multidões projectada na parede, que escraviza as mulheres tornando-as todas iguais umas às outras, e diferentes de si mesmas.

Hazel

Ritual de Banimento Nocturno

São tantos os emails que recebo de pessoas que vivem com medo que alguém lhes tenha "rogado uma praga", "lançado mau-olhado" ou feito um "trabalho de bruxaria", que resolvi escrever este post na esperança de trazer alguma claridade e dissipar as sombras do medo.

Nós somos antenas. Aquilo que emitimos é aquilo que atraímos. Sempre que se focar no medo e na ideia de que os outros conspiram contra si, é isso que vai atrair. Os seus receios vão mesmo materializar-se, mais tarde ou mais cedo. 

Eleve a sua vibração, procure com todas as suas forças viver com alegria, com verdade, auto-confiança e amor (começando pelo amor-próprio). Não existe escudo energético mais poderoso. "És eternamente responsável por aquilo que cativas...", dizia Saint-Exupéry. 
Quase sempre, somos nós que nos auto-sabotamos e achamos que são os outros.

Ainda assim, se acredita mesmo que alguém lhe anda a enviar más energias, deixo-lhe este ritual de banimento para fazer à noite:


Ritual de Banimento Nocturno
(para fazer numa noite de Lua Minguante antes de se deitar)

Acenda 13 velas brancas (podem ser tealights) junto à banheira.
Encha a banheira com água quente e coloque um saco de Banho de Purificação (para não ficar a achar que estou a tentar vender alguma coisa, deixo como alternativa colocar, em vez disso, 7 colheres cheias de sal grosso). Diga o seguinte encantamento: 

O que foi feito, foi feito
Que seja agora desfeito.
Pela luz da Lua Minguante que tudo varre
Limpa-me de todo o lixo e toda a sujidade

Que este feitiço vire tudo do avesso
E me liberte de teias e amarras
Quando eu entrar nesta água sagrada
Que a minha alma seja purificada.

Entre na banheira e molhe o corpo inteiro (cabeça incluída). Diga 3 vezes:

Que todos sejam perdoados e apaziguados
E todo o mal seja desfeito com o Sol da manhã.

Mantenha-se na banheira até que a água arrefeça. Depois seque-se, apague as velas e durma tranquilo. Amanhã é um novo dia.

Envolta em Luz,

Hazel

Oração de protecção contra um cão ameaçador

Ontem, lembrei-me de duas orações muito antigas que me foram ensinadas pela minha mãe depois de, em criança, ter sido mordida por um cão quando vinha da escola.
Ainda hoje me dói a nádega direita só de me lembrar.

Procurei pelas orações no google, e não encontrei nada. Desconheço as suas origens, que me parecem meio cristãs. Embora eu não seja cristã, tenho muito apreço pela velha sabedoria popular e gosto de dar o meu contributo para que ela não se perca no nevoeiro da memória.

São duas orações; uma para cães, outra para cadelas. Conforme aprendi, caso sejamos ameaçados por um cão, nunca devemos fugir ou virar-nos de costas para ele, mas olhá-lo nos olhos, simular o gesto de que lhe vamos atirar uma pedra e dizer em voz alta, com autoridade:

"Tente mão, cão!
Entre ti e mim está São Salomão!"


Ou, caso se trate de uma cadela:

"Tente mão, cadela!
Entre ti e mim está Santa Madalena!"

Lembro-me que a minha mãe garantia que os cães se afastavam. Nunca testei, OK?
Acredito que, mais do que a oração em si, é a postura de autoridade e confiança que poderá afastar o animal ameaçador. Mas as palavras, em si, o velho folclore, também têm o peso da ancestralidade, de uma intenção que foi repetida continuamente ao longo do tempo, criando, assim, um efeito mágico que a ciência não consegue explicar e desvaloriza.
Eu diria que, no fundo, é um pouco de cada...

Honrando a memória da minha ancestralidade,

Hazel

Meditar em que posição?


A postura para meditar é um dos principais obstáculos que leva as pessoas a desistirem da meditação.

Se alguma vez se sentou para meditar, poucos minutos depois começou a ficar com dores nas pernas/costas e desistiu com um sentimento de frustração achando que a meditação "não é para si"...

... então, é mesmo para si que estou a escrever.

Meditação vem do latim "meditatio", que significa virarmo-nos para dentro de nós mesmos.

Para meditarmos, temos de estar confortáveis e com a coluna direita. Isto significa estarmos sentados durante um médio ou longo período de tempo sem que nenhuma parte do nosso corpo doa. Todas as almofadas que precisarmos para isso são bem-vindas!

Não recomendo que medite deitado, a menos que se trate de uma meditação guiada, ou o mais provável é que acabe por adormecer. Queremos meditar, e não dormir, mantendo-nos lúcidos e despertos, mesmo de olhos fechados ou semicerrados.

A prática da meditação é uma prática de auto-conhecimento e, consequentemente, de evolução pessoal. Não há implicação de qualquer tipo de crenças religiosas.

Para meditarmos, precisamos de ter humildade e consciência. E isso começa logo na noção dos nossos limites. Para quê forçar o nosso corpo a estar 1 hora com as pernas na posição de lótus, sujeitando-nos a dores lacinantes nos joelhos e na coluna?

Não precisamos de - nem devemos - tentar impressionar ninguém com a nossa flexibilidade (ou falta dela!). A flexibilidade surge primeiro na mente. Onde está a verdadeira flexibilidade quando decidimos forçar as nossas pernas a dobrarem-se numa posição dolorosa?

A meditação é interna, íntima, silenciosa. É o encontro connosco, então, não temos de obedecer a nenhuma "moda" ou imposição. Se conseguir sentar-se em posição de lótus sem qualquer dor, faça-o. Mas se não for esse o seu caso, faça o que é possível para si.
Aceitando-se como é, sem se forçar a si mesmo a ser algo que não é.
A pressa e a ambição causam danos na alma, no ego... e nas articulações!

As mais profundas e bem-sucedidas meditações que fiz foram sentada numa cadeira confortável. À maneira ocidental que, guess what, é o que eu sou.

Olhe agora para esta foto com as posturas de meditação, não de cima para baixo, mas de baixo para cima.

Porque, na meditação, assim como na vida, é uma ilusão acharmos que vamos logo conseguir subir para o topo da escadaria sem ter de passar por todos os degraus.

Experimente as posições que aparecem na linha de baixo. E avance para a linha do meio apenas e quando se sentir confortável. Se isso nunca acontecer, não faz mal. Também está certo assim.

Somos como somos. Não temos de ser como mais ninguém, a não ser nós mesmos.

Lembre-se: humildade e consciência. Sem isso, não há meditação possível.

Confortavelmente sentada,

Hazel

Receita - Licor de Merda


"O LICOR DE MERDA" é um produto de alta qualidade, cuja fórmula pertenceu no final do século XX ao Frade maluquinho BASKU GONSALBES. É extraído a partir de diversas merdas de confiança, sujeito portanto a criar depósito com a idade. Recomenda-se que seja servido com o cuidado indispensável para não turvar."

É isto que diz o rótulo na parte de trás da garrafa do emblemático Licor de Merda.

Cresci intrigada com o Licor de Merda, que existe desde 1974, e recebeu tão inesperado nome por brincadeira do criador da receita, para que as pessoas pudessem "brindar devidamente" ao governo da época.

Afinal, que "merdas de confiança" seriam essas que entravam na composição de um licor tão apreciado, e que só consegui degustar depois de ultrapassar a repulsa pelo nome merdoso?

Esta vossa escriba, que se interessa pelos assuntos mais diversos, vestiu um fato com máscara de protecção anti-merdas, capacete, galochas e luvas de borracha, e foi investigar.

Não foi uma investigação de merda, devo dizer. Au contraire, concluí que as tais merdas são até benéficas para a saúde, desde que bebidas com moderação, como outra merda qualquer. Para os mais ousados, directamente das catacumbas do tempo esquecido, a receita do Licor de Merda:

- 1 litro de leite
- 500 gr. de açúcar
- 150 gr. de cacau em grão
- 1 vagem de baunilha aberta ao meio
- 1 pau de canela
- 2 rodelas de laranja
- 2 rodelas de limão
- 1 litro de aguardente

Colocar todos os ingredientes num recipiente que permita vedar bem. Mexer e tapar. 
Manter o recipiente fechado durante 20 dias, mexendo diariamente com uma colher de pau. 

Findos os 20 dias, filtrar 2 vezes através de papel de filtro para café, colocado num coador. 
Com 2 papéis de filtro diferentes, haja higiene a fazer o Licor de Merda!
Verta para garrafas, coloque um rótulo a dizer "Licor de Merda", para afugentar os que têm nojo do nome, e sirva!

Agora, escolha uma das seguintes opções:

1) Oh, Hazel, mas é mesmo a sério? Vai ficar bom?
2) Recuso-me a fazer ou a beber algo com o nome "merda".
3) Mal posso esperar por beber essa merda!
4) Que merda! Nunca mais volto aqui!
5) Vou fazer Licor de Merda e enviar uma garrafinha à Hazel.

Beijos licorosos,

Hazel

Lições da Roda da Fortuna: olhar para o próprio umbigo


A carta de Tarot "Roda da Fortuna" ensina-nos que a vida é como um moinho de água. Para que haja movimento, ou seja, para que a vida ande para a frente, é preciso que haja momentos em que temos de desapegar-nos, de deixar ir, esvaziar. Sem oferecer resistência.

E no vazio que surgiu, criou-se espaço para viver novas experiências e aprendizagens, para a nossa evolução - se aceitarmos aprender as lições que o girar da roda nos trouxe. Caso contrário, se nos recusamos a aprender e focamo-nos no que já não conseguimos manter, apenas sentimos sofrimento, perda e medo.

Lutar contra o movimento da roda, impedi-la de girar, seria o mesmo que impedir a vida de prosseguir. Seria morrer, continuando vivo. Que doloroso.

A grande lição da roda é que o Equilíbrio sempre existe. Sempre que está cheia de água de um lado, está vazia do outro. E vice-versa. Não vou dizer para olhar só para o lado que está cheio quando o outro esvazia. Isso tornar-nos-ia dependentes dos outros para estarmos bem. O conceito de "copo meio-cheio, copo meio-vazio" é uma falácia.

Então, para onde olhar? Como lidar com a perda? Ou com o medo da perda, quando estamos bem lá no alto da roda, transbordantes de água fresca a reluzir ao Sol?

Sabendo que não somos aquilo que temos à nossa volta. É tudo uma ilusão. Não somos o nosso emprego, as relações, os objectos, os cursos, as emoções, as preocupações. Nós - a nossa essência - somos o eixo da roda. Aquilo que está no centro.

É para lá que devemos olhar, com consciência. Às vezes, olho para o meu próprio umbigo, para me recordar disso. Eu sou o eixo. O que está dentro, e não o que está fora. E a paz restabelece-se.

Isto quer dizer que, afinal, nada importa? O nosso emprego, relações, objectos, cursos, emoções? Claro que importa. Tudo deve ser vivido intensamente. Não há tempo a perder com relações fúteis, conversas negativas, sentimentos menores, tentar corresponder às expectativas dos outros. Porque o tempo é limitado e, antes que a roda dê uma nova volta, temos de aproveitar e devorar a vida — sem nos perdermos do eixo.

Isto aplica-se a todos, sem excepção. Quer acreditem ou não no Tarot. :)

No centro da roda,

Hazel

Limpezas de Verão - Se não me faz feliz, não me faz falta

A casa é um ser vivo que respira através das janelas abertas. As cortinas corridas ondulam com o vento, lambendo as paredes numa cadência pachorrenta, como se falassem.
São os últimos dias do Verão a fazerem-se anunciar, relembrando que o Outono se aproxima ao longe, devagar, mas em passo seguro.

É agora o momento de iniciar as Limpezas de Verão. Fazer uma revisão profunda em todas as áreas da vida. Separar o trigo do joio, o que é para manter, o que é para alterar, o que é para eliminar. Fazer o "RESET".

No trabalho, na internet, no computador, na casa, nas gavetas e armários, nos relacionamentos, nas emoções, nas memórias, na saúde, nos hábitos, na vida toda.

Sintonizada com a Natureza, que se renova ciclicamente, também eu me preparo para mais uma renovação.

Quem quiser acompanhar este processo, mas não sabe por onde começar, ou tem tendência para se dispersar, eis o meu plano de limpezas de Verão. Temos até ao Equinócio de Outono (23 de Setembro)!

- Devolver o que não me pertence. Objectos que me emprestaram, ou que alguém se esqueceu em minha casa e ficou à espera que nos encontrássemos de novo para devolver. Se não é meu, é energia alheia que ficou parada em minha casa.

- Roupa, malas e sapatos que não usei nos últimos 2 anos. Se não usei, é porque não me faz falta, e só está a ocupar espaço e a impedir a circulação de energia.

- Loiças que não utilizo, livros que não me interessam, CDs que nunca oiço, maquilhagem que não uso, objectos estragados ou avariados. Tudo fora!

- Tapetes, lençóis, panos da loiça, toalhas de mesa, cobertores, mantas, tudo o que está em quantidade excessiva e apenas impede as gavetas de deslizarem sem esforço.

- Móveis sem utilidade prática, aparelhos que nunca são usados, telemóveis e carregadores velhos.

- Papelada, facturas antigas já pagas, agendas e jornais velhos, apontamentos que já estão ultrapassados e não fazem falta.

- Ficheiros no computador.

- Actividades que requerem tempo e energia e onde não sinto que haja uma justa compensação.

- Relacionamentos insatisfatórios.

- Alimentos fora de prazo na despensa e no frigorífico.

- Medicamentos fora de prazo, frascos vazios de produtos de higiene.

- Tralha inútil no porta-bagagens e dentro do carro.

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Absolutamente tudo será passado a pente fino pelos seguintes critérios:

1. Usei nos últimos 2 anos?
2. Faz-me mesmo falta?
3. Causa-me sentimentos negativos?

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É possível que eu venha a acrescentar mais itens a esta lista.

E qual será o destino das minhas tralhas inúteis?
Algumas serão vendidas, outras dadas.

A varrer,

Encontrar o Silêncio

Há demasiado barulho no mundo. Demasiados objectos, demasiadas emoções, demasiados odores, sabores, texturas. Demasiado tudo.

Escrevi demasiadas vezes a palavra "demasiado", mas nada descreve tão bem o que é demasiado quanto a palavra demasiado.

Poderia gritar, mandar o mundo calar-se. Mas só iria aumentar o barulho. E quando gritamos com o mundo, o mundo grita-nos de volta. Com a força de um Titã. 

O barulho empurra-nos, agarra-nos, distrai-nos. Pode até esmagar-nos. Esquecemo-nos de quem somos, do que estamos a fazer, de para onde planeámos ir em primeiro lugar.

Não. Não é o mundo que tem de se calar e fazer Silêncio. Sou eu. Sento-me de olhos fechados a observar a minha própria respiração, a velocidade com que o ar entra e sai pelas narinas, saboreando cada partícula de oxigénio. Observo cada músculo do meu corpo a partir de dentro. Eis a serenidade que se faz anunciar sem pressa.

O silêncio é uma esfera de luz dourada que irradiamos a partir do nosso centro e nos envolve, tornando-nos imperturbáveis ainda que rodeados por uma multidão de vozes graves, estridentes, roucas, cavernosas. Deslizamos imaculados como um cisne branco num lago negro. 

Podemos estar horas a falar e, ainda assim, conservar o silêncio dentro de nós. 
Por vezes, olhamos para dentro e sorrimos para o silêncio como para um velho e sábio amigo que sempre nos espera pacientemente num cadeirão macio junto a uma janela onde bate o Sol.

O silêncio é limpo, puro, pleno de luz. Poderia dizer-se que o silêncio é triste, mas eu acho que é desprovido de emoções, ou não seria silêncio pleno.

Como um copo de água da nascente que vem das profundezas silenciosas da terra e nos escorrega pela garganta até ao interior do nosso corpo. Leve, cristalina e sem sabor, mas que nos sacia a sede num dia seco de Verão, hidratando todos os nossos órgãos e fazendo o sangue circular com maior pureza pelos vasos sanguíneos, como a seiva que viaja numa folha verde de uma planta acabada de regar.

Tão simplesmente, em silêncio.

7 formas diferentes de acordar pela manhã


Vamos lá a ver: quem é que tem mau acordar?

Tenho pensado sobre diferentes formas de acordar e resolvi fazer uma lista de todas maneiras possíveis que me ocorrem de fazer a transição entre o conforto uterino do sono e o despertar para a crueza da manhã:

1. Rádio-despertador. 
Vantagens: Podemos sintonizar na estação de rádio da nossa preferência e acordar com música.
Desvantagens: Pode faltar a electricidade durante a noite. Por vezes, não sintoniza bem uma estação e acordamos com o som da estática. Há sempre um ruído subtil e contínuo nos rádio-despertadores que perturba a qualidade do sono. Nada garante que, na hora exacta que vai despertar, não irá passar uma publicidade a um Banco. Ou a uma marca de pomada para hemorróidas.

2. Aparelhagem de som.
Vantagens: Podemos colocar um CD e acordar com a música que quisermos. Maravilha.
Desvantagens: Ocupa algum espaço no quarto. E, se faltar a electricidade...

3. Relógio-despertador analógico.
Vantagens: Não depende de electricidade. Não gera poluição electromagnética. Ocupa um espaço mínimo.
Desvantagens: O irritante som do "triiiimmm!"

4. Telemóvel.
Vantagens: Ocupa um espaço mínimo. Podemos instalar aplicações que permitem acordar com sons da Natureza ou a música que desejamos e algumas até emitem uma luz suave para simular o nascer do dia. Não precisa de estar ligado à electricidade (desde que tenha a bateria carregada). Se colocarmos em "modo de avião", não recebe chamadas e, creio, por estar desligado de todas as redes, não gera poluição electromagnética.
Desvantagens: Não me ocorre nenhuma agora. A menos que eu esteja errada e, realmente, mesmo em "modo de avião", continue a gerar poluição electromagética.

5. Pedir a alguém que nos acorde.
Vantagens: Não depende de electricidade nem gera poluição electromagnética.
Desvantagens: Quem é que iria arriscar a vida em semelhante missão? Ninguém.

6. Um galo.
Vantagens: Emite o verdadeiro som da Natureza! Não gera poluição electromagnética nem depende de electricidade. Nunca falha uma manhã.
Desvantagens: Caganitas de galo no quarto!

7. O nascer do dia (dormir com as persianas levantadas).
Vantagens: É suave e gradual. Não depende de electricidade nem gera poluição electromagnética.
Desvantagens: Muito arriscado para pessoas com sono profundo. No Inverno, quando não se vê o Sol, o risco de adormecer é ainda maior.

Acordadinha e bem-dispostinha,

Hazel

Como Tratar a Ferrugem de um Caldeirão

O caldeirão é um dos objectos ritualísticos mais estimados e preciosos para qualquer bruxa.

Representa o princípio feminino, o útero da Deusa, de onde provém a vida. Os seus três pés simbolizam as três faces da Senhora: Donzela, Mãe e Anciã.

Pode ser utilizado para fazer cozinhados sobre o fogo, poções mágicas, queimar pedidos, colocar velas, queimar ervas, incenso, fazer feitiços, scrying, esconder pequenos tesouros e objectos secretos...

Como o tradicional caldeirão é de ferro, o aparecimento de ferrugem é um problema recorrente que deixa qualquer bruxa de cabelos ainda mais em pé.

Mas... tudo se resolve com dedicação e perseverança. Seguem instruções detalhadas para limpar a ferrugem do seu velho caldeirão:

Num local ao ar livre, onde não haja inconveniente em fazer alguma sujidade, calce umas luvas para proteger as mãos e coloque uma máscara anti-poeira sobre o nariz.

Com uma escova e/ou esfregão de aço (compra-se em qualquer drogaria), esfregue todas as áreas com ferrugem do seu caldeirão como se não existisse amanhã. - Sim, é um trabalho chato e muito demorado...

Uma vez raspada toda a ferrugem, será imprescindível que se faça "a cura" do caldeirão. Seguindo os métodos antigos, coloque uma colher de sopa cheia de gordura/banha dentro do caldeirão, e depois coloque-o sobre o fogo, para que a gordura (ou banha) se expanda por todo o caldeirão, por dentro e por fora. Isso criará uma espécie de capa impermeabilizante, que irá prevenir o reaparecimento de ferrugem.

O caldeirão não deve ser lavado com detergentes, mas apenas com água. Após cada lavagem, deve ser muito bem seco ao Sol ou próximo do fogo e novamente curado (nas curas seguintes, pode usar um pouco de azeite para "besuntá-lo" todo).

Evite mantê-lo tapado para que não crie humidade no interior (humidade = mais ferrugem!!), e mantenha-o sempre em locais secos (não é por acaso que os caldeirões sempre foram vistos pendurados nas lareiras).

Força na peruca, bruxas e bruxos!
Estou convosco. Vamos vencer essa ferrugem malvada.

A mexer o caldeirão,

Hazel

Fada dos Bosques

O anoitecer de Domingo com música a tocar e uma folha de papel estendida à minha frente iluminada pelo quebra-luz de cor verde-floresta. Um yogurte de frutos do bosque de um lado, e os lápis-de-cor do lado oposto. 

Hoje é o meu dia de folga, que eu também mereço. Não respondo a emails, não quero saber de nada. Estou de pés descalços, um vestido velho e o cabelo preso num carrapito - oh, amigos, é a idade. A idade traz-nos carrapitos no cabelo e outros hábitos assim estranhos que nem me atrevo a relatar para não assustar ninguém.

Terminei a minha Fada dos Bosques. Foi uma viagem maravilhosa ao Reino das Fadas!
Pintar é um pouco como dançar. Quando nos entregamos, tudo o resto desaparece. 
E em cada traço, em cada movimento, pintamos um novo mundo.

Beijos de todas as cores, 

Receita de Licor de Whiskey

Há pequenos prazeres de tal forma tentadores, voluptuosos e pecaminosos, que quase nos sentimos habilitados a receber um bilhete só de ida para o nono círculo do Inferno.
E não é que vamos de bom grado.

Nem chega a demorar 2 minutos a ser feito.
Numa misturadora (mixer), colocam-se os seguintes ingredientes:

- 1 lata de leite condensado
- a medida da lata cheia de whiskey
- 1 colher de sobremesa de café em pó
- 1 colher de sobremesa de chocolate em pó

Mistura-se por 1 minuto e está pronto a servir.
Com gelo. Ou sem gelo. Ou guarda-se no frigorífico para arrefecer por 1 hora - se aguentarem esperar, seus gulosos.

Com bigodes de licor de whiskey,

Hazel

Andar à gandaia

'Andar à gandaia' é uma expressão antiga portuguesa que tem mais do que um significado, mas o primeiro que conheci e que sempre ficou comigo é, justamente, 'andar ao lixo'.

Pois, ontem, ao fim do dia, enquanto ia a pé para a minha aula de dança, vi esta linda avioneta no chão, ao lado de um caixote do lixo, e pensei: "Gandaia!"

Sem qualquer pudor, trouxe-a comigo, porque a história dela ainda não terminou só porque alguém a deitou fora. Há muito mais para sonhar e voar na imaginação ao som do seu motor pachorrento que rasga os céus azuis do Verão.

A aventura continua e, só por causa disto, hoje vou rever um filme do Indiana Jones!
Está a precisar de uma hélice e umas pequeninas reparações, que irei fazer, e depois vou pendurá-la no tecto do quarto do L..

Os tesouros que as pessoas deitam fora.

À gandaia,

5 regras para ter uma assinatura auspiciosa


Fazer uma assinatura é muito mais do que apenas colocar o nome que nos identifica com uma letra bonita num pedaço de papel. É colocar a nossa energia. Através desta forma de poder, que é a nossa assinatura, estabelecemos compromissos, assumimos responsabilidades.

Deixo-vos uma lista de regras que poderão ajudá-lo a (re)avaliar a sua assinatura e a torná-la mais auspiciosa:

1. Todas as assinaturas devem começar por letra maiúscula e a caligrafia deve ser do mesmo tamanho com que se escreve.

2. Se conseguir que o primeiro traço da primeira letra comece no sentido ascendente (sempre a subir, sempre a subir!)... é ex-ce-len-te!

3. Uma assinatura não deve ter traços para trás nem traços que terminem em baixo.
As letras que descem (como f, j, g, y) não devem terminar com o traço em baixo, mas voltar a subir.

4. Se costuma terminar a sua assinatura com um traço para o lado, certifique-se que esse traço nunca desce, aliás, toda a assinatura pode ter uma inclinação ligeiramente ascendente, mas nunca o oposto.

5. Deve haver um espaço entre o nome pessoal e o apelido. Usar tudo colado gera uma dependência familiar e a incapacidade de desenvolver uma identidade própria.
Esse espaço também não deve ser demasiado grande.

A estonteante assinatura da Rainha de Inglaterra, Elizabeth I:

Hazel

Ritual de Cura e Poder para Mulheres

Todas as Mulheres são Deusas, ainda que não o saibam.
Todas são perfeitas, ainda que não o sintam.


Trago-vos um Ritual de Cura e Empoderamento para vos ajudar a redespertar a Magia e Sacralidade.

Pode ser feito todas as noites, ou, por exemplo, às 6ª feiras, o dia regido por Vénus, caso não consiga fazê-lo diariamente. Copie-o para um papel.

Acenda um incenso e uma vela, e coloque-se nua em frente a um espelho.

Molhe o dedo indicador em óleo essencial (de rosas ou sândalo, por exemplo), ou sangue menstrual, ou água do mar, rio, nascente ou da chuva.

Toque com o dedo indicador, um de cada vez, cada um dos seus chakras principais, dizendo em voz alta:


Tocando o chakra da coroa (topo da cabeça), diga:
"Abençoa-me mãe, porque sou tua filha."

Tocando o chakra da terceira visão (entre as sobrancelhas), diga:
"Abençoa a minha visão, para que eu Te veja na minha vida."

Tocando o chakra da garganta, diga:
"Abençoa a minha voz, para que ela propague o Teu Amor por todos."

Tocando o chakra do coração, diga:
"Abençoa meu coração, para que ele se abra e se encha de Amor por mim mesma e por todos."

Tocando o plexo solar (abaixo das costelas inferiores), diga:
"Abençoa minha energia vital que vem de Ti."

Tocando o chakra sacro (2 cms abaixo do umbigo), diga:
"Abençoa o meu útero e ovários, para que o meu cálice sagrado seja amado, respeitado e reverenciado."

Tocando o chakra de raiz (genitais), diga:
"Abençoa a minha vulva, portal da vida e da morte."

Tocando a planta dos pés, diga:
"Abençoa os meus pés, para que possam percorrer o Teu caminho e o meu."

Tocando a palma de ambas as mãos, diga:
"Abençoa as minhas mãos, para que elas façam o Teu trabalho, que é o meu trabalho neste mundo."

Tocando novamente o chakra da coroa, diga:
"Abençoa-me, Mãe, porque sou tua filha e sou uma parte de Ti."

Agradeça.

(Este ritual não é da minha autoria, desconheço a fonte, e fiz várias alterações)

Em perfeita Harmonia,


Hazel

Cada pessoa tem o seu próprio céu


Cada pessoa tem o seu próprio céu. Alguns, têm o arco-íris sobre si. 
Outros, têm tornados. Outros, auroras boreais. Uns, têm pesadas nuvens negras. 
Outros, um Sol resplandecente. E outros, um nevoeiro espesso com cheiro a musgo.

Cada pessoa tem o seu próprio céu que está em permanente mutação, e há tantos céus diferentes quanto há pessoas no mundo. É importante que haja muitos encontros, e que os céus se aproximem uns dos outros, para que a escuridão seja iluminada e o excesso de luz temperado com um pouco de sombra fresca.

Este texto foi-me dito - não sei por quem - esta noite, durante o meu sono.
Partilho sem alterações.

Velha Gaiteira!


Faz hoje 37 anos que esta vossa escriba nasceu. Trin-ta-e-se-te-a-nos.

E a que é que sabe ter 37 anos?
Sabe a elefantes voadores, yogurtes com espinhas, girafas saltitantes e comboios de papel. Eu sei lá a que é que isto sabe!

É esquisito e faz-me medo. Tenho medo de fazer anos, sinto-me estranha, desajustada, apetece-me esconder-me dentro de um casulo até o dia passar depressa e voltar tudo ao normal.

Ai, Hazel, que desmancha-prazeres. E sou.
Estou chata e rabugenta como uma velhinha de 600 anos.

Com mil vassouras, se não me viro do avesso e, já que fiquei velhinha, pelo menos, quero ser uma velha gaiteira, alegre e doida. Daquelas que falam sozinhas e usam chapéus originais. Oh, o drama. Deixai-me habituar-me à ideia, mundo cruel. Deixai-me transformar esta crise de meia-idade em... em... em... maturidade.
Até custou escrever. Apre.

Escondida num canto qualquer,