Música composta por plantas


Os dias têm-se arrastado cinzentos, húmidos e molengões. As nuvens invernosas velam o Sol como um homem velho, teimoso e carrancudo de fartas barbas brancas, retirando, assim, o brilho das ruas, que se nos afiguram baças e melancólicas.

Tal como uma raposa que se enrosca sobre si mesma numa cama de folhas secas no bosque, também nós temos necessidade de nos afastarmos de tudo e ficar quietinhos à espera que os dias cinzentos passem depressa. Mas a vida não pára.

Agora que escasseia a nossa maior fonte de alimento - o Sol - precisamos de compensar este vazio. Assim, deixo-vos uma pequena centelha de Luz: música!

As plantas comunicam através de impulsos e variações no seu campo bioeléctrico em resposta a estímulos externos. Estas variações foram captadas por um aparelho, que as descodificou e sintetizou, e o resultado do que estava a ser transmitido por um antúrio foi esta música linda e cristalina, afinada a 432Hz.

A frequência de 432Hz, que está por trás de toda a criação, vibra sobre os princípios do número áureo phi e unifica as propriedades da luz, espaço, matéria, gravidade e magnetismo com a biologia, o código do ADN e da consciência. É a frequência do Universo. Esta sintonia natural tem efeitos profundos sobre a consciência e também a nível celular nos nossos corpos.

Escutar esta música melhora o nosso bem-estar físico, emocional, mental e espiritual, assim como das nossas plantas e animais. Disfrutem!


De olhos fechados a escutar,

Hazel

Grata pelo Sol


O Sol hoje nasceu às 7:47 horas em Portugal. E esta vossa escriba-bela-adormecida pulou da cama tão cedo, mas tão cedo, que hoje ainda era ontem (eu sei, eu sei, não devo estar boa!). 
Apenas para ver o Sol nascer! (não devo estar boa! - novamente)

Estava a imaginar que assistiria a um espectáculo grandioso, radioso, maravilhoso... só que não. Foi isto que vi, na minha janela virada a Leste (foto acima). Eu mereço?

Mas não me deixei vencer. Que é lá isso. Embora as nuvens me tenham impedido de assistir ao nascer do Sol, ele nasceu cá dentro de mim, e passei o dia inteiro tão insuportavelmente bem-disposta que até o gato fugia com cara de enfado. 

E à tarde, Senhoras e Senhores, à tarde é que foi. O Deus-Sol entrou-me pela casa adentro, pela alma adentro, e eu senti-me a pessoa mais sortuda do mundo, junto do meu querido L., que tocava a taça tibetana como retribuição pela bênção solar.
  



Amanhã, o Sol nasce às 7:48 horas...

(As fotos não foram manipuladas, apenas foram identificadas com o URL da Casa Claridade.)

Plena de Sol,

Porquê?

Porque é que limpar a casa é uma tarefa tradicionalmente feita pela mulher? (Por acaso limpamo-la com a "xereca" aka Dona Elvira?)

Porque é que, se uma casa - onde mora um homem e uma mulher - estiver suja e desarrumada, é apenas ela que é "a desmazelada", e nunca ele, que também mora lá?

Porque é que as meninas têm panelas e esfregonas para brincar, enquanto os meninos têm carros?

Porque é que quando um homem limpa alguma coisa recebe imensos elogios cheios de admiração, e as mulheres nunca recebem nada?

Porquê, Senhoras e Senhores, porquê?

De vassoura na mão,

Deitar fora vestidos velhos

Perdoar não é fácil. Não sou muito boa nisso. Sou apenas humana, e também tenho as minhas limitações.

Não tenho vergonha nem orgulho disso. Sou como sou. Os outros são como são.

Preciso do meu tempo. Primeiro, revivo o assunto como um filme dramático, sofrendo continuamente com ele.

Depois, empurro-o com repulsa para um canto escuro dentro de mim mesma, na esperança que morra asfixiado e sem luz. E o tempo passa. E a vida não pára.

As estações do ano sucedem-se, até que chega o Outono, tempo de se arrumar gavetas e baús. É, então, que descobrimos um vestido velho, que nos acompanha há anos, já ratado pelas traças, e lembramo-nos que não se conservam coisas estragadas porque estão a ocupar espaço e não deixam entrar nada de novo.

Deitei fora o velho vestido, mesmo sem ter outro para o substituir. Continuei as arrumações, e procurei mais fundo no baú. Foi quando me deparei com as velhas mágoas, também ratadas pelas traças. Perguntei a mim mesma se também são para deitar fora ou se guardo por mais um pouco de tempo à espera não sei de quê.

O meu baú ficou vazio. Não tenho muitas roupas, mas aquelas que usar serão apenas as que me fazem sentir feliz.

À procura de um vestido novo,