Entre os Monges

O
s monges budistas aceitaram acolher-nos no Templo para integrar o ritual matinal de bênçãos, purificação e protecção. Os cânticos e as orações são entoados em sânscrito. Eram 8:30 da manhã e estávamos em jejum. Os hábitos monásticos começam a tornar-se uma rotina.

Em Dharamsala não há qualquer indício de criminalidade. Não vi um único polícia nas ruas, creio que aqui não são necessários, excepto quando o Dalai Lama, cuja residência fica na rua onde me encontro, se desloca.

Os habitantes são predominantemente tibetanos e indianos. Budistas, hindus e muçulmanos convivem numa simbiose de perfeita harmonia, respeito e paz. Todos são sorridentes, humildes, indefesos, compassivos e gostam de cumprimentar quem passa.


Incensada e purificada,

Hazel
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Os Macacos com as minhas Cuecas e o Médico que prova Urina


São agora 6:39. O dia está a nascer e os Himalayas acordaram varridos pelo vendaval que levou metade das meias e cuecas que tinha lavado ontem e colocado na varanda a secar. Por esta hora já os macacos andam com as minhas cuecas vestidas.

Nesta terra esquecida pelo resto do mundo, o improvável aparece sempre ao virar de cada esquina, como o consultório de Medicina Tibetana cujo médico prova a urina dos pacientes para fazer o diagnóstico do seu estado de saúde. Se cospe, bochecha ou engole, não sei. Só consigo imaginar um senhor de boca e dentes amarelos sem elixir bucal que o valha.

À procura de cuecas nas lojas tibetanas,

Hazel
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Yoga a Horas Indecentes + Templos que nos Devoram!

A ÍNDIA ESTÁ-SE-ME A ENTRANHAR de tal forma que uma dorminhoca olímpica como eu acordou hoje às seis da manhã voluntariamente e sem ser por causa de alguma catástrofe natural, para uma longa e íngreme caminhada em jejum até ao centro de yoga. 

Nem me reconheço. Pela tromba de Ganesha, estou mesmo a falar verdade. Note-se que, enquanto aqui são seis da manhã e o dia está a nascer, em Portugal é uma da manhã. Deitamo-nos pelas onze da noite, que são seis da tarde aí. Sinto-me perdida no tempo. O melhor é parar de fazer contas e render-me.

Tenho a sensação que a sala de prática de yoga fica no topo do Everest. Se não é, está só dois metros mais abaixo. Cheguei de olhos esbugalhados, narinas dilatadas e só não entrei de gatas porque tinha uma reputação a preservar e não queria parecer uma fraquinha. 

Enquanto o meu espírito se atirou para o chão e ficou a ofegar, vi o meu corpo desenrolar um tapete de yoga e sentar-se ordeiramente para seguir as instruções do professor-génio-da-lâmpada-mágica.

As aulas duram hora-e-meia e amanhã voltamos para mais. Com os picos dos Himalayas salpicados de neve à nossa volta, se há lá melhor motivação para madrugar.

Nesta região, hinduísmo e budismo coexistem pacificamente e em cada rua existe um templo mais surpreendente e exótico que o anterior.

Após sairmos da aula de yoga, pensei "aaah, agora vou fiiiinalmente descansaaar...

Mas!, a meio da rua, o sibilar das serpentes naja atraiu-nos para este Templo Hindu, e sem pensar duas vezes — deve ser porque aqui o oxigénio é mais puro — enfiei-me literalmente dentro da garganta de um leão (ver vídeo). 

Está certo, é mesmo para isto que uma pessoa se levanta às seis da manhã:

Algumas imagens dos Templos (Hindus e Budistas) onde estivemos hoje:





Sairei daqui uma madrugadora? Só Shiva sabe. Ou Buda. 
Alinhada e vitaminada,

Hazel
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A Aldeia das Crianças Tibetanas



NOS ANOS SESSENTA, a irmã do Dalai Lama mandou construir esta escola para as crianças que fogem para a Índia, pelas montanhas, separadas das suas famílias que morreram ou ficaram cativas devido à invasão do Tibete pela China. 

Nesta localidade, o governo é independente e foi cedido pela Índia aos tibetanos. Como se fosse um país dentro de outro país.

ESTAS CRIANÇAS, que perderam tudo, as que sobreviveram às condições duras do percurso montanhoso até aqui, foram — e são — recolhidas em famílias adoptivas ou na escola, onde são educadas e protegidas.

O sistema hierárquico é completamente diferente do que conhecemos no Ocidente. São as crianças que cuidam da escola-residência, sendo-lhes atribuídas tarefas de acordo com a idade. 

Para além de aprenderem a falar e escrever tibetano, inglês, hindi e as outras disciplinas que fazem parte do programa académico, fazem limpezas, cozinham, lavam roupa e cuidam de tudo o resto, com a orientação das "mães” que trabalham na instituição. 

São, assim, preparadas para serem auto-suficientes quando crescerem e integrarem-se na comunidade indiana, ou, se preferirem, podem optar por ficar como residentes permanentes na Aldeia e serem professores/orientadores das gerações seguintes.

As crianças são responsáveis por todas as tarefas domésticas da aldeia






Dormitório
ESTÃO DE FÉRIAS nesta época do ano, mas visitámos os dormitórios, a cozinha, a sala onde vêem televisão e pudemos ver, entre a floresta, as casas onde decorrem as aulas. As condições são muito humildes, mas sem dúvida que existe genuíno amor na formação destas crianças.

Ver esta realidade com os próprios olhos foi duro, e só aqui e agora, no silêncio da escrita, me atrevo a confessá-lo. Os olhos da mulher tibetana que relatava a história das crianças, não tinham uma sombra de mágoa, de ressentimento, de tristeza. 

No seu olhar, vi apenas o sentido de missão, a aceitação, o amor incondicional, o respeito. Nunca proferiu uma palavra negativa sobre a invasão do Tibete pela China. Não havia raiva. Apenas paz. Que dignidade, e que humildade. 

Enquanto traduzi para o nosso grupo de viajantes o que a "mãe" tibetana me relatava, engoli em seco o nó que se me formou na garganta. Seria uma falta de respeito ceder às emoções perante a nobreza que este povo demonstra. 

A divisa da escola: "COME TO LEARN GO TO SERVE"
O povo tibetano não tem absolutamente nenhum sentimento de revolta em relação ao que o governo chinês destruiu. A sua postura é de verdadeira compaixão e honra. Os tibetanos convidam os chineses a fazer visitas e mesmo palestras sobre Ciências nas suas instalações. 

Que poderosa lição de perdão, de diplomacia, de bondade e resistência através do Amor.  Nós, os ocidentais, temos, deveras, ainda muito a aprender.

Qualquer pessoa de qualquer parte do mundo pode tornar-se padrinho/madrinha de uma criança tibetana, comunicar com a instituição, ou fazer algum donativo, através do site da escola: www.tcv.org.in

“Come to learn, go to serve.”

Hazel
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McLeod Ganj, Monges Tibetanos e os Picos dos Himalayas

OS DIAS NA ÍNDIA PARECEM ter a duração de setenta e duas horas. Por volta das seis da manhã, apanhámos um vôo interno para Dharamsala, uma cidade rodeada de floresta à beira dos picos dos Himalayas, também conhecida como “Little Lhasa”, onde reside o Dalai Lama.

Esperava-nos um avião muito pequeno e antigo que parecia uma lata-de-salsichas. Podia imaginar a sua manutenção realizada horas antes, com marteladas e uns arames a prender tudo, sob a graça e protecção de Buddha. 

O vôo foi seguro e tranquilo — nem precisámos de usar o pára-quedas  😅 — e o aeroporto, deserto, acolhedor, inundado de luz dourada e silêncio místico, dá-nos as boas-vindas.

Estamos agora em McLeod Ganj, uma localidade pequena onde se respira paz e ar limpo. Aqui reside uma vasta comunidade tibetana. Os monges estão por todo o lado, assim como as bandeiras com orações tibetanas, tuk-tuks, macacos velhacos que roubam telemóveis, música Punjabi, vacas, motas e cenouras vermelhas.

Continuamos na Índia, mas é como se estivéssemos num país diferente: o Tibete.
A cultura, gastronomia, arquitectura e arte do Tibete predominam. A saudação também é diferente, em tibetano: "Tashi Delek!"

Sinto-me acolhida como se tivesse chegado a casa. A tranquilidade e o exotismo desta região alteram-me a percepção da realidade numa espécie de feitiço que confunde os sentidos. 

Os sons, os cheiros, as expressões, os hábitos, a temperatura, os sabores, tudo nos transporta para outra dimensão. Como se aqui fosse a realidade e tudo antes tivesse sido uma ilusão. Tudo mesmo. Como se tivesse passado para o outro lado do espelho. Que estarei para aqui a escrever?  




Alguns vídeos:



A degustar um chai nos picos dos Himalayas,

Hazel
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